Dispensar educação em pílulas é uma abordagem em alta que startups de tecnologia têm aproveitado para atender usuários atarefados em busca de formas fáceis de aprender.
Ferramentas que entregam conteúdos educativos, como podcasts, audiolivros e aplicativos, ganham cada vez mais espaço nos smartphones do brasileiro para encaixar educação em suas rotinas.
Uma startup que busca aumentar sua presença no espaço de microlearning, ou microaprendizado, é a mineira 12minutos, que tem mais de 1,5 milhão de usuários, que consomem seus resumos de quase mil livros de áreas como gestão e marketing nos formatos de texto e áudios de 12 minutos em português, espanhol e inglês.
O objetivo da ferramenta é explorar o aumento do interesse de brasileiros no formato, já que por meio dela é possível absorver ideias e conceitos em um curto espaço de tempo.
“Queremos mover a agulha do aprendizado. As pessoas têm uma relação muito ruim com a educação e vêem o processo como uma coisa muito maçante”, diz Guilherme Mendes, CEO do 12minutos.
“Ao mesmo tempo, as pessoas estão cada vez mais propensas a querer aprender algo novo sempre que aparece uma brecha de tempo e estão tornando isso parte de suas rotinas,” acrescenta.
Os títulos mais populares na plataforma incluem “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg, e “Gente que Convence”, de Eduardo Ferraz.
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Criada pelo cofundador da Rock Content, Diego Gomes, a 12minutos foi inspirada em ofertas como o app alemão Blinkist, e agora está evoluindo para além de sumários de livros de desenvolvimento pessoal e profissional com conteúdo original.
A oferta de conteúdo original da plataforma inclui uma série sobre finanças pessoais em parceria com a fintech brasileira Magnetis e microlivros produzidos com a HSM, com um volume de Elias Awad sobre mudança de carreira e um título sobre soft skills, pela youtuber Adriana Cubas.
Além das personalidades digitais já confirmadas como parte da nova estratégia, a empresa espera trazer fenômenos da internet como Natália Arcuri, do canal de finanças pessoais “Me Poupe!”, para o seu cast de produtores de conteúdo.
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Segundo Mendes, aplicativos como o 12minutos não deixam o usuário mais preguiçoso quanto à leitura. A ferramenta substitui o acesso a redes sociais e aplicativos de música.
O déficit de leitura do brasileiro é um problema real: segundo a pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, apenas 30% afirmam gostar muito de ler.
Apesar do típico usuário do 12minutos ter um maior nível de instrução e recorrer ao app para complementar sua educação contínua, o argumento de Mendes é que o contato com o conteúdo tem o poder de aproximar mais usuários do hábito de ler: “Quem escuta os resumos está muito mais propenso a comprar um livro do que alguém que nunca teve contato com a leitura.”
“Queremos trazer para a realidade o conceito do microaprendizado, que vai além de resumir livros. É uma mudança de mindset, que faz com que pessoas comecem a entender que podem aprender o que quiserem e, consequentemente, serem o que quiserem.”
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Aprender nas horas vagas também é um problema no contexto corporativo, no qual se enfrenta toda sorte de desafios, de reuniões e interrupções de colegas a longos expedientes. Isso aumenta a preferência por conteúdos de fácil consumo: 59% dos executivos seniores preferem assistir a um vídeo do que ler o texto se as duas versões estiverem disponíveis, segundo a Digital Information World.
Richard Uchoa Vasconcelos, fundador da empresa de educação corporativa digital LEO Learning, diz que o microaprendizado traz uma resposta digital para as demandas de desenvolvimento de profissionais em empresas.
“Levando em consideração o bombardeio de informações a que as pessoas estão sujeitas, o tempo que sobra para treinamento e desenvolvimento é de 24 minutos na semana,” afirma Uchôa, citando dados do relatório Future of Work, da consultoria Deloitte.
Uchôa desenvolve o projeto “Learningflix”, um Netflix da educação, no qual conteúdos em áreas como liderança são empacotados em web séries de 20 minutos, com o conteúdo em vídeo, entremeado com estímulos em diversos formatos como quizzes e texto. O programa é entregue seguindo uma metodologia de Harvard para o ensino à distância, que busca fazer o aprendizado se “fixar.”
“Em vez de entregar conteúdos em pílulas que as pessoas podem esquecer logo depois, busco apresentar problemas com o objetivo de despertar interesse e, assim, fazer com que o usuário contextualize a informação e, então, aprenda,” diz o fundador.
“Essa abordagem leva em consideração as limitações de tempo das pessoas, o foco de atenção cada vez mais curto e a dificuldade de processar conhecimento. É uma revolução da aprendizagem.”
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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