Como mapear tendências para apoiar processos de inovação?

12 de novembro de 2019

Identificar novos movimentos de mercado deve ser uma função de todos os níveis de senioridade, diz Daniela Dantas, da WGSN

Com todo o barulho e opções disponíveis em torno do tema inovação, como é possível mapear tendências relevantes para organizações de forma produtiva? De quem deve ser o trabalho de “trend-hunting” em empresas?

Em uma conversa sobre o assunto com a FORBES, a diretora para a América Latina da empresa de previsão de tendências WGSN, Daniela Dantas, falou sobre como gestores podem lidar com esses temas. Segundo a especialista, o processo de acompanhar novos movimentos que podem ser aplicáveis para empresas começa por mapear pessoas.

“O processo de identificação de tendências passa por observar pessoas e por uma busca de padrões e recorrência: quais são as pessoas que influenciam o grupo no qual você está interessado e os comportamentos que fazem com que isso aconteça”, aponta.

Uma vez que essas respostas forem dadas, o próximo passo é definir se a frequência com a qual um tema é falado está em ascensão. “Também é necessário verificar se o assunto se espalha para outros grupos ou se continua fechado, exclusivo para um grupo de pessoas ditas inovadoras, ou ‘disruptivas’”, acrescenta.

O trabalho de identificação de tendências deve ser inspirado pela abertura para entender mudanças que impactam o negócio por parte da liderança, mas, segundo Daniela, as empresas devem criar uma cultura de fomento à curiosidade e ao questionamento, pela qual colaboradores de todos os níveis de senioridade participem do processo.

“CEOs e heads de inovação precisam observar novos comportamentos e observar o mercado, além de se manter curiosos, mas é pouco provável que consigam fazer esse mapeamento detalhado, pois são encarregados da estratégia”, detalha.

“Esse é um trabalho de observação diária e, quanto maior for a quantidade de pessoas envolvidas na análise desses padrões e na discussão deles, mais eficiente a organização se torna em seu mapeamento de tendências.”

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Quais são os riscos para organizações nas quais não existe uma cultura de mapeamento e entendimento de tendências? Segundo Daniela, é simplista afirmar que empresas que desapareceram e eram líderes de mercado falharam em detectar tendências e reagir a elas. “É difícil dizer que essas empresas não inovaram, pois há uma série de fatores envolvidos: é como em um avião, que só cai depois de um conjunto de erros”, ressalta.

“A decisão de não inovar pode vir do fato de que a forma pela qual a empresa faz as coisas dá certo, mas, se isso for combinado ao não-mapeamento do futuro, pode causar a extinção de um negócio”, acrescenta.

A especialista aponta que corrigir a rota de uma empresa que possa estar indo para este caminho é necessário. Daniela aponta como exemplo a rede nacional de supermercados Pão de Açúcar, que reformulou sua operação de e-commerce para acompanhar tendências de consumo online.

“O entendimento de erros podem derrubar uma iniciativa, fazer com que correções sejam necessárias e, às vezes, até dar um passo para trás. O pensamento crítico para aprender com os erros é essencial.”

Daniela Dantas é uma das palestrantes do evento Forbes Start sobre educação e trabalho, que acontecerá no próximo dia 26 das 9h às 12h, no Spaces Berrini, em São Paulo, como parte da programação da São Paulo Tech Week.

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O Google convidou empreendedores da periferia para compartilhar aprendizados no desenvolvimento de novos negócios na próxima edição do Campus Presents, evento que acontece no próximo dia 19, às 9h, no Google for Startups, em São Paulo.

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A TruckPad, plataforma de conexão entre caminhoneiros e cargas, recebeu um aporte do deca-unicórnio chinês Full Truck Alliance. O investimento, cujo valor não foi divulgado, apoiará a expansão da empresa, e a parceria inclui um acordo de cooperação técnica entre a startup e a empresa chinesa para adoção de novas tecnologias. Outros investidores da TruckPad, que foi fundada em 2014, incluem a Movile, a Maplink e a aceleradora e incubadora Plug and Play.

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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.

 

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