Pepper discute questões relacionadas à remuneração dos executivos e como essas práticas podem ser contrárias à ética ou não alinhadas com as partes interessadas. Ele examina a disparidade entre a remuneração dos executivos e a de outros funcionários, explorando se os altos salários dos executivos são realmente justificados pelo seu desempenho e responsabilidades. Além disso, questiona se a remuneração executiva alinhada com ações, bônus e outras formas de remuneração variável leva a resultados justos para a empresa e seus acionistas.
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Em terras brasileiras, assim como em outras partes do mundo, é comum observar altos salários e generosos pacotes de remuneração variável sendo oferecidos a um pequeno grupo de executivos. Esse cenário levanta questões sobre a proporcionalidade e a justiça dessas práticas em relação ao restante da força de trabalho. E a percepção de que alguns executivos são recompensados muito além do que seu desempenho ou responsabilidades justificariam pode gerar grande insatisfação entre os colaboradores.
No entanto, com alguma frequência somos levados a questionar a eficácia e a ética por trás dessas ferramentas e valores. Pacotes de remuneração mal desenhados podem criar incentivos para práticas de curto prazo e manipulação de resultados financeiros, em detrimento da sustentabilidade de longo prazo. Além disso, a disparidade entre a remuneração dos executivos e a de outros funcionários pode prejudicar a moral da equipe e gerar grande insatisfação.
Diante dessas questões, o livro traz recomendações sobre práticas mais equitativas e éticas para a remuneração executiva. E neste momento em que a transparência e equidade nas práticas salariais estão em foco no Brasil, essa pauta se torna central.
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- Transparência Salarial: Pepper enfatiza a importância da transparência nos processos de definição de salários executivos. A divulgação de informações ajuda a construir confiança e responsabilização dentro da organização;
- Equidade Salarial: O autor sugere que as empresas reduzam a disparidade entre os salários dos executivos e os de outros funcionários. Ele propõe uma abordagem mais equilibrada para a remuneração, levando em consideração a contribuição de todos os níveis de funcionários para o sucesso da organização;
- Participação nos Resultados: Pepper recomenda que as empresas adotem práticas de participação nos resultados para todos os funcionários, não apenas para executivos;
- Avaliação Rigorosa de Desempenho: Um processo claro e objetivo de avaliação de desempenho é crucial para garantir que a remuneração dos executivos esteja alinhada com o desempenho individual e os resultados da empresa;
- Remuneração de Longo Prazo: Pepper sugere que a remuneração variável dos executivos seja alinhada com objetivos de longo prazo, em vez de focar apenas em resultados de curto prazo. Isso pode incluir o uso de ações ou opções de ações com períodos de aquisição mais longos;
- Compromisso com Responsabilidade Social: O autor defende que as empresas incorporem princípios de responsabilidade social nas práticas de remuneração executiva, incluindo metas relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança (ESG);
- Governança de Remuneração: Pepper destaca a importância de uma governança sólida nas decisões de remuneração executiva. Conselhos de administração independentes e comitês de remuneração podem ajudar a garantir que as práticas sejam justas e alinhadas com os interesses da empresa e dos acionistas.
Por aqui, apesar de já estarmos adiantados em algumas dessas práticas, me parece que estamos ainda muito longe de discutir temas como a disparidade salarial entre lideranças e equipes. Também precisarmos nos atentar às potenciais implicações da pouca paciência dos executivos em aguardar pela premiação de longo prazo, e à dificuldade das empresas em tratar a avaliação de desempenho destes profissionais com mais assertividade e menos viés.
Vale a reflexão.
Fernanda Abilel é professora na FGV e sócia-fundadora da How2Pay, consultoria focada no desenho de estratégias de remuneração.