O vendedor acabava sugerindo apliques às clientes, mas Tracee lhe disse que o que elas realmente precisavam era de um condicionar adequado ao seu tipo de cabelo. Ele não tinha nada parecido na loja, mas disse que estava disposto a promover e vender qualquer produto que produzisse resultados semelhantes.
No fim daquele mesmo ano, quando foi preparar a apresentação da sua primeira linha de cuidados para o cabelo, ela já sabia exatamente o que faltava no mercado. A inspiração veio de entusiastas do uso dos cabelos ao natural, como sua mãe, a diva da música Diana Ross. Conselhos de especialistas do setor, como o CEO da Sundial Brands, Rich Dennis, também facilitaram o processo, além de sua experiência pessoal. “Como a maioria das mulheres negras e das pessoas com cabelos cacheados, ondulados e crespos, tive que me tornar minha própria especialista, já que a indústria não nos apoia”, diz. “Tivemos que fazer verdadeiros coquetéis de produtos em nossos banheiros e descobrir, sozinhas, o que funcionava.”
Nos últimos anos, o mercado de cuidados dos cabelos naturalmente black tem crescido com o surgimento de marcas como Shea Moisture, da Sundial, e Carol’s Daughter, da L’Oreal. É uma indústria avaliada em mais de US$ 2,5 bilhões, e os afro-americanos respondem por quase 90% do total de dinheiro gasto nesta categoria de produtos de beleza, segundo a Nielsen. “O lançamento de produtos como os da Pattern Beauty é um sinal para mulheres e meninas negras e multirraciais que elas – e suas necessidades específicas de cuidados com os cabelos – estão sendo realmente percebidas e, finalmente, celebradas”, diz Cheryl Grace, executiva da Nielsen.
É verdade que o mercado está crescendo, mas o acesso a produtos do tipo ainda é limitado. E esse hiato de tempo entre o insight original de Tracee e a estreia da Pattern Beauty não interferiu na relevância do produto, principalmente porque a maior diferença entre aqueles tempos e os atuais é que as pessoas estão optando por usar seus cachos ao natural em detrimento dos tratamentos químicos.
No entanto, quando Tracee levou seu discurso para uma agência de marketing, a reunião terminou em lágrimas. “O executivo olhou para mim e disse: ‘Não entendo por que alguém iria querer esses produtos. Há uma infinidade de opções, por que você acha que nenhuma delas serve?”. Lembra. Foi a primeira vez que perguntaram isso. “Foi uma boa pergunta”, diz ela. “Isso me obrigou a começar a encontrar respostas.”
Para transformar a Pattern naquilo que ela buscava – “uma marca que realmente parecia ter sido criada por alguém da comunidade” – Tracee assumiu o controle total de sua estratégia de marketing, que consistia em campanha apenas no ambiente mobile. Boa parte da ação foi o convite a 35 editores de beleza para vê-la tomar banho e lavar o cabelo com seus produtos ao vivo.
“Era importante que não aparecêssemos como pessoas que precisavam mudar seus cabelos para que eles ficassem bonitos, mas que, em vez disso, nos enxergassem como pessoas com cabelos lindos, que só precisavam de cuidados e hidratados”, diz ela.
Shaun Neff, parceira de desenvolvimento da Pattern, lembra de ter ficado impressionada com a maneira como Tracee afirmou sua visão nas sessões de fotos – que ela exigiu que fosse com um fotógrafo negro – e nas reuniões. “Eu estava sentado, ouvindo-a falar e abordar a oportunidade de mercado, ouvindo sua própria experiência com o cabelo, sobre como ela lidava com ele. Ela entende o mercado em que está e sabe o que vai funcionar e o que não vai.”
É uma estreia impressionante, mas Tracee ainda tem um longo caminho a percorrer antes que a Pattern conquiste uma fatia da indústria de US$ 2,5 bilhões em que está inserida. Concorrer com empresas como Sundial e L´Oreal pode levar algum tempo. Ela, no entanto, tem um plano. “Ainda temos muitas coisas que não lançamos”, diz ela, incluindo produtos que não atendem às suas necessidades específicas. “Não é mais apenas sobre mim.”
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Ícone australiano
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Relax turbinado
A NeuroUp, startup de neurotecnologia de Recife focada em wellness que desenvolve soluções de biofeedback, para ajudar as pessoas a reduzirem a tensão do corpo e atingir o relaxamento avançado, recebeu um aporte de R$ 2,5 milhões do Criatec 3, fundo gerido pela Inseed Investimentos. O dinheiro será usado para fortalecer a área comercial, ganhar escala e buscar a internacionalização. Este é o primeiro investimento do fundo na região nordeste do país.
Missão Israel
A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e a IBI-Tech, empresa israelense com presença no Brasil, estão organizando uma missão de negócios em Israel entre os dias 19 e 24 de abril de 2020. Com passagens por Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, a iniciativa tem como objetivo oferecer aos empresários e empreendedores brasileiros acesso e imersão no ecossistema de inovação e tecnologia israelense – considerado o segundo maior do mundo, atrás apenas do Vale do Silício – e incentivar parcerias entre empresas e startups dos dois países. A agenda inclui visitas a companhias e hubs de inovação, encontros com representantes do governo, pesquisadores, executivos e investidores e rodada de negócios com empreendedores de áreas ligada à indústria 4.0, Internet das Coisas, agrotech e smart cities.
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Durante o 1º Encontro de Bioeconomia e Sociobiodiversidade na Amazônia, realizado em Manaus, foi lançada a RainForest Business School – Escola de Negócios da Amazônia, um curso montado a partir da parceria da USP com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O objetivo é formar mão-de-obra capaz de apoiar a sofisticação das cadeias produtivas amazônicas e levar os produtos do bioma aos mercados globais. “A ideia é que essas pessoas trabalhem em empresas, bancos e agências de fomento e desenvolvimento”, disse a ambientalista Maritta Koch, ao apresentar a iniciativa. A primeira turma será em março em 2020.
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