BC vende US$ 3 bilhões, mas dólar crava 12ª alta e bate recorde de R$ 4,651

5 de março de 2020
ReutersConnect/Rahel Patrasso

O valor negociado de US$ 3 bilhões foi atingido apenas com contratos de swap cambial tradicional

O dólar voltou a bater recorde histórico hoje (5), chegando a se aproximar de R$ 4,67 no pico do dia, com a moeda brasileira golpeada junto com outros ativos de risco em todo o mundo por persistentes temores relacionados ao coronavírus.

Mas o contexto local seguiu influenciando as cotações. O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a normalizar a alta da moeda norte-americana, enquanto crescem críticas à postura do Banco Central diante da disparada do dólar a sucessivos recordes.

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Somando uma oferta já programada e duas extraordinárias, o BC vendeu um total de US$ 3 bilhões apenas nesta sessão em contratos de swap cambial tradicional. O swap é um derivativo que paga ao comprador a variação cambial acrescida de uma taxa de juros. Na prática, funciona como uma injeção de liquidez no mercado futuro.

“O mercado está aturdido. O BC apagou a fogueira com querosene”, disse no Twitter o sócio-fundador e gestor da SF2 Investimentos.

“Parece que é intencional. A atuação é tão ruim que parece que o BC quer o dólar mais alto”, afirmou um gestor que preferiu não ser identificado.

A alta do dólar se intensificou nesta semana conforme o mercado turbinou expectativas de cortes de juros pelo Banco Central, depois de a autoridade monetária ter emitido comunicado cujo conteúdo foi entendido por operadores como uma virada em relação ao discurso anterior de interrupção no ciclo de afrouxamento monetário.

Com isso, o mercado coloca no preço o cenário de redução adicional do diferencial de juros entre o Brasil e o mundo, o que prejudica ainda mais a atratividade da renda fixa brasileira, turvando perspectivas de recuperação do fluxo cambial – portanto, sem melhora na oferta de dólar no país.

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Nessa linha, dados fracos do PIB brasileiro do ano passado provocaram uma série de revisão para baixo nas expectativas para 2020, piorando ainda mais a percepção do Brasil como atrator de capital estrangeiro.

O dólar à vista fechou em alta de 1,54%, a R$ 4,651 na venda, nova máxima histórica nominal para um encerramento.

A alta é a 12ª consecutiva. Apenas em março a moeda salta 3,79% e dispara 15,90% no acumulado de 2020.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez subia 1,02%, a R$ 4,6390.

Mas outras divisas de risco sofreram bastante nesta sessão. Rand sul-africano, peso colombiano e peso mexicano perdiam entre 1,7% e 2,3% ante o dólar, por exemplo, afetados pela turbulência nos mercados financeiros em geral diante da piora no sentimento por temores de impacto econômico do coronavírus ainda mais forte do que o temido inicialmente.

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