Da ideia à execução do convite de Trump para o jantar passaram-se exatamente 48 horas. Tudo ocorreu em um final de semana, e as consequências foram três horas de conversas privadas e uma homenagem ao Brasil: apenas Xi Jinping (China) e o Shinzo Abe (Japão) haviam sido ali recebidos.
Pelo comunicado oficial emitido pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, avançaram-se os entendimentos para o apoio americano ao ingresso brasileiro na OCDE, bem como, no item que me parece ainda mais importante, da opção adotada pelo presidente Trump de tornar o Brasil um país associado à Otan. Isso abre o caminho para as indústrias aeronáutica, espacial e de armamentos do Brasil disputarem contratos junto a todos os países mais ricos, ampliando o acesso às tecnologias de ponta. Importante, também, a decisão tomada pelos dois presidentes dando prioridade aos estudos que visam um acordo de livre comércio para, finalmente, termos acesso regular ao maior mercado mundial e iniciarmos com vigor o processo de abertura da economia brasileira.
“[O encontro Bolsonaro e Trump] abre o caminho para as indústrias aeronáutica, espacial e de armamentos do Brasil disputarem contratos junto a todos os países mais ricos.”Ainda em dezembro do ano seguinte, Shultz atendeu a uma solicitação de Carlos Langoni, então presidente do Banco Central, para liberar, junto à Arábia Saudita, uma parcela de US$ 500 milhões sem os quais iríamos à inadimplência. Uma demonstração de apoio e de intimidade só comparável à visita de Roosevelt a Getúlio Vargas, em janeiro de 1943, durante a Segunda Guerra, que redundou na correta decisão brasileira de se juntar definitivamente, inclusive nos campos de batalha de Monte Cassino, à luta antifascista.
Considero que o momento histórico de mudanças ideológicas e políticas na América Latina esteja a abrir uma nova rota de colaborações com países como Canadá, Chile, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Peru, Equador e vários outros do Caribe, bem como Argentina e Bolívia. Assim, criamos as bases para uma verdadeira integração econômica, que resulte na quebra do ciclo de progresso de caranguejos que experimentamos por séculos em nosso continente.
A América Latina acorda, agora mais realista e – vencida esta nova luta de todos nós contra o coronavírus –, mais alerta de que a democracia, por sua plasticidade e circulação de ideias e posições aparentemente antagônicas, é ainda o melhor – e único – caminho do progresso.
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