Por ser uma empresa chinesa, me deu uma certa gastura, principalmente após verificar alguns dados de Brasil e China. Em 1990, o PIB brasileiro foi de US$ 460 bilhões (para deixar em números redondos), e o da China, US$ 360 bi. Quase três décadas depois, em 2019, o PIB brasileiro balançou em US$ 1,7 tri, enquanto o chinês bateu na casa dos US$ 14 tri. Vendo o copo meio cheio, podemos dizer que o Brasil cresceu. Mas a China desequilibrou a partida ao se elevar de um país fundamentalmente rural para um exportador de tecnologia, a ponto de desafiar o resto do mundo (daí parte da rusga americana com o TikTok).
Além de lamentar nosso “pibinho” em relação ao chinês, destaca-se a habilidade do país asiático em privilegiar a produção, o empreendedorismo e a inovação, ainda que pesem sombras sobre o uso da coação de seus governantes para se perpetuarem no poder. Mas o fato é que de agrícola e copiadora de quinquilharias baratas para exportação em larga escala a China saltou para o topo de desenvolvimento e produção de produtos de qualidade e alta tecnologia nas mais diversas áreas.
Há tempos venho modestamente espalhando essa fagulha na advocacia, quando falo aos futuros advogados que, além de pensar no diploma, é preciso desenvolver um comportamento jurídico empreendedor, como já destacou lá atrás o psicólogo americano David C. McClelland, que dedicou sua vida ao estudo do comportamento empreendedor.
Empreender gera empregos, faz crescer a economia, alavanca o PIB, distribui renda e torna as pessoas mais felizes.
Além dos meios, é preciso difundir o conhecimento e a cultura empreendedora. Isso já se sabe e se fala há décadas, mas não desenvolvemos plenamente esses quesitos tão fundamentais quanto o ar que respiramos, se nós não abandonarmos definitivamente a velha ideia de que se nasce empreendedor.
No fim de setembro, durante um evento sobre empreendedorismo tecnológico, Jorge Paulo Lemann disse que, se fosse jovem, se dedicaria totalmente a criar startups. “O país está cheio de oportunidades e de empreendedores querendo encontrá-las”, disse Lemann.
Palavras do segundo homem mais rico do país. Fica a dica.
Nelson Wilians é CEO da Nelson Wilians & Advogados Associados
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