Com a vacinação dos professores e a queda do número de mortes no país, a maioria das escolas brasileiras está retornando ao modelo presencial de aulas. Acontece que uma pesquisa feita em maio de 2021 e publicada recentemente pelo Conselho Nacional de Juventude apontou que a saúde mental dos jovens não vai nada bem.
O Conselho ouviu 34 mil adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos de todo o país e chegou a esses números: 61% deles disseram estar ansiosos; 56% relataram usar exageradamente as redes sociais; 51% se declararam exaustos – um sintoma próximo ao do burnout – e 40% relataram problemas para dormir e insônia. Muitos, segundo uma reportagem de um jornal carioca, não querem voltar à escola – pelo menos por enquanto.
A interrupção do modelo presencial sem dúvida nenhuma trouxe prejuízo enorme para essas crianças, adolescentes e jovens. E não falo apenas dos danos à formação escolar e acadêmica (no caso daqueles que estão na universidade), mas principalmente das perdas dos relacionamentos pessoais, de novas experiências e da sociabilização, fundamental para a formação de valores como os de parceria, valores políticos e morais.
Como os pais podem ajudar os seus filhos que, evidentemente, estão em sofrimento a terem um retorno mais tranquilo para a sala de aula?
Primeiro, passando a eles a experiência que tiveram em suas vidas. Todo adulto já passou por momentos complicados. A maioria deles conseguiu, de alguma forma, superá-los. Que tal conversar com seus filhos sobre como é possível aprender alguma coisa positiva a partir de uma situação delicada?
Procure também conversar com os professores ou o gestor da escola para checar como está o rendimento da criança e saber como você, em casa, pode ajudar o seu filho a recuperar algo que ele possa ter perdido quando estava no modelo virtual de ensino.
Com a volta à sala de aula, é possível que o jovem precise criar uma nova rotina. Ter horário fixo para o almoço e para os estudos ajuda, e muito.
Também é preciso que os pais cuidem de si mesmos. Geralmente, esquecemos que quem cuida dos outros também merece ser cuidado. Por isso, é importante que os pais deem atenção a si mesmos, buscando ajuda, se for preciso. Se eles estiverem bem, certamente passarão esse sentimento a seus filhos.
Como eu já disse nesta coluna algumas vezes, o exemplo é a única forma de ensinar algo a alguém. Se você não se cuida, como vai querer que seu filho cuide dele mesmo?
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.