No final de um dia cansativo comum, após uma batalha por um sorvete qualquer, ele veio.
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Na hora ficamos as duas sem reação.
Ela e toda a imaturidade de uma pessoinha de 2 anos, eu e os meus 32 anos de erros e acertos nos olhamos. De repente me vi através dos olhos dela.
Ali eu poderia ter brigado. Poderia ter criado um abismo entre nós, mas na hora eu só consegui enxergar com toda a minha empatia uma mini pessoa que chegou nesse mundo há pouco tempo e tem aprendido dia após dia sobre tudo. Que acha que o normal é sairmos na rua nos escondendo atrás de uma máscara, afinal ela nunca conheceu um mundo que não fosse esse. Que praticamente toda semana recebe uma moça em casa pra “passar um cotonete” no narizinho dela.
Da mesma forma que eu não esperava o tapa, ela esperava tudo menos um gesto carinhoso.
Foi só um abraço, mas o que eu quis dizer é que eu sempre estarei ao lado dela, de corpo e alma, principalmente quando ela não merecer. Ela ficou estática, depois me abraçou de volta com força.
Ali ficamos as duas, agarradas, despedaçadas, mas transbordando amor.
Eles nos mostram o amor em sua mais pura forma. A forma que não espera nada em troca. Filhos são a maior forma de doação. De tempo, de sentimentos, de cuidados.
Por eles passamos noites em claro, alimentamos, sangramos, cuidamos, carregamos, ensinamos, amamos. Repetidamente, insistentemente, ininterruptamente.
Damos muitas vezes o que nem temos, e nos viramos ao avesso se necessário.
Paula Drumond Setubal é advogada, mãe de gêmeos e produtora de conteúdo.
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