O dia foi muito além da Selic, porém. Tivemos aquilo que o mercado convencionou chamar de super quarta. Além da reunião do Copom foi realizada a reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Ambos os indicadores são fundamentais para os rumos da nossa economia.
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Nos Estados Unidos houve a manutenção da taxa de juros, no intervalo de 5,25% a 5,50%. A decisão foi vista de forma positiva pelo mercado. Considerando que a taxa vinha num ciclo de alta, o fato de ter parado de subir já é um grande alento para o mercado global.
Por que a taxa de juros dos EUA é importante para o Brasil
O comunicado divulgado pelo Federal Open Market Committee (Fomc) apontou que a alta de juros longos parece ser suficiente para desacelerar a economia e baixar a inflação, desde que as taxas permaneçam nos níveis em que estão. Essa postura deve movimentar a economia no mundo inteiro e, principalmente, gerar, a médio e longo prazo, novo fluxo de capital para as bolsas de países emergentes, como é o caso do Brasil.
Como fica o cenário econômico pós super quarta?
De um lado, o tom mais ameno do Fed gerou no mercado uma expectativa para cortes de juros num futuro próximo, o que é altamente positivo para nossa economia. No cenário interno, porém, temos o governo sinalizando um aumento dos gastos e do endividamento, gerando muita incerteza no mercado.
É justamente para esse balanço de riscos que o Copom vai olhar daqui pra frente, a fim de ajustar velas, e manter a política econômica focada em manter a inflação dentro da meta. Certamente por isso, o tom do comunicado do Copom foi de muita cautela, dadas as incertezas no âmbito fiscal.
Por que a Selic não cai mais ainda?
O impacto da queda da Selic sobre a inflação
Nos últimos meses a inflação tem cedido um pouco, contudo, ainda temos pressão inflacionária decorrente do cenário internacional.
Avaliando o IGP-M, que é medido pela Fundação Getúlio Vargas, vemos ainda uma pressão inflacionário significativa para os produtores, ou seja, o custo de aquisição de commodities e bens de produção de forma geral está mais alto, em decorrência da alta das commodities no mercado mundial, além o câmbio, também majorado em função da oferta e procura, dado o fato dos investidores terem migrado fortemente para a segurança e taxas atrativas dos Estados Unidos.
Todo esse contexto pode, em breve, se refletir nos preços ao consumidor e, consequentemente, no IPCA, o que, combinado com a queda recorrente da Selic, pode significar um pouco mais de inflação nos primeiros meses de 2024.
Onde estão as melhores oportunidades para investir
Nos títulos privados também é possível encontrar títulos atrativos nesse momento, com alguns CDBs pagando até IPCA+7%.
É hora de investir em fundos imobiliários?
Essas mesmas boas oportunidades da renda fixa que mencionei acima, você consegue obter na renda variável, através dos fundos de recebíveis imobiliários, que são justamente os FIIS que investem em renda fixa ligada ao setor imobiliário, como CRIs e LCIs.
Atualmente, os fundos de recebíveis são os que estão pagando o maior yield do IFIX, que é o Índice de Fundos Imobiliários, que funciona como principal indicador do desempenho médio do segmento, dentro da bolsa de valores brasileira.
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Mas, preciso ressaltar que você deve analisar a carteira dos fundos que for adquirir e entender a qualidade e risco dos papéis que eles possuem em seu portfólio. Existem excelentes fundos e o momento é propício, mas isso não significa que você deva comprar qualquer fundo de recebíveis.
Além disso, como sempre recomendo, seus aportes não podem ter um único critério a rentabilidade ou o preço da cota. É importante manter uma carteira balanceada com percentuais pré-definidos para cada classe de ativo.
Por que fundos de papel atrelados à inflação seguem interessantes?
Muitos investidores me perguntam por que os fundos de papel continuam atrativos num momento em que as projeções são de queda da inflação, e aqui, reforço que não existe uma receita de bolo pronta para cada cenário. Variáveis específicas sempre precisam ser levadas em conta, ao analisar e escolher ativos.
Vemos aí uma perspectiva de que o IPCA em 2024 seja maior, o que significa que os fundos imobiliários de papel atrelados ao IPCA devem melhorar seus rendimentos.
Oportunidades na bolsa de valores
Ações de setores resilientes tendem a caminhar mais devagar, com alguma valorização, porém, nada muito substancial, pois são ativos que no ciclo de alta da Selic, não caíram tanto, e já vinham apresentando recuperação gradativa ao longo dos últimos meses.
A maior tendência de valorização no médio prazo está entre os ativos de setores que vêm de longo ciclo de penalização, tanto pelo ciclo anterior, de alta da Selic, quanto pela pressão da alta de juros dos Estados Unidos.
Empresas com alto endividamento, bem como varejistas, cujo custo de financiamento de estoques é elevado quando o crédito está caro, devem ter algum respiro. Além da redução no custo de suas dívidas, a volta do consumo das famílias tende a se refletir nos resultados dessas empresas.
É hora de mudar a carteira de investimento?
Minha recomendação segue a mesma de sempre: diversificação e balanceamento de carteira devem ser seus mantras.
Você deve estudar os ciclos e tendências de mercado, mas não pode mudar toda sua estratégia cada vez que o cenário muda. Estudar as tendências é importante para calibrar, fazer o ajuste fino, mas, mantendo-se fiel ao seu plano de longo prazo que, se você me acompanha e fez a lição de casa, não deve estar pautado em cenários momentâneos, mas sim, nas suas metas, respectivos prazos e valores.
Manter uma carteira com diversificação em proporções adequadas aos seus planos é a sua real garantia de manutenção do poder de compra, pois é a única variável que está sob seu controle. Todo o resto são possibilidades e expectativas de analistas cujas projeções precisam ser entregues em tempo real, em cenários repletos de incertezas.
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