Ser vulnerável no trabalho é algo ruim?

10 de novembro de 2023
Getty Images

Ser vulnerável é ser corajoso. Covardes são aqueles que fingem ser perfeitos, pois isso é, na verdade, um medo gigante de assumir ser humano

Eu acreditava que ser vulnerável no trabalho era uma fraqueza. Conseguia expor minhas vulnerabilidades e inseguranças em ambientes sociais, mas não no trabalho – sentia que, se eu fizesse isso, seria vista como fraca, o que é o oposto da imagem que eu gostaria de passar, e o oposto do que eu sou.

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Durante um bom tempo, então, agi da forma mais confiante e impecável para o público, colaboradores e sócios. A imperfeição, na minha cabeça, era inaceitável e me tornaria fraca e não confiável aos olhos dos outros.

Hoje, sabendo o que vou contar para vocês, vejo a infantilidade e imaturidade desse pensamento. Ser vulnerável é ser corajoso, fazer o que você acredita que é o certo, mesmo que isso signifique sair do que é confortável, abrir mão do que te fizeram acreditar que era a única e melhor opção, é sinal de CORAGEM, e não de covardia. Covardes são aqueles que fingem ser perfeitos, pois isso é, na verdade, um medo gigante de assumir ser humano.

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Quando comecei meu processo intenso de autoconhecimento, entendi que a confiança vem da percepção de honestidade e transparência – e esconder falhas não é honesto. Isso significa que eu compartilho TODAS as minhas fraquezas, dificuldades e inseguranças no trabalho? Não. Mas significa que compartilho parte delas, sou honesta quando estou passando por um momento difícil ou quando não tenho certeza de uma decisão, e peço ajuda dos colaboradores, sócios, e, desde que comecei a fazer isso, os resultados têm sido infinitamente melhores.

Eu sei que, para você, empreendedor, que ainda acha que compartilhar dificuldades é coisa de gente fraca, isso tudo parece conversa furada, mas não é. Quando você guarda tudo para si, mesmo que isso alimente sua visão de que você é forte, na verdade, o que acontece é que você somatiza, e isso afeta tudo na sua vida.

A somatização prejudica não só sua produtividade, mas sua saúde física. Muitas doenças são criadas e causadas por efeitos negativos emocionais, e, quem está doente, seja física ou emocionalmente, além de render menos, também é menos feliz e satisfeito com a própria vida.

Ou seja, o resumo da ópera é: reconhecer suas falhas é importante para trabalhar nelas, para pedir ajuda, fazer as coisas de forma melhor, em conjunto com pessoas que te fortalecem, e para construir e manter uma saúde física e mental.

Isso não significa que você deve reclamar ou se colocar em uma posição inferior, muito pelo contrário: quem sabe ser vulnerável utiliza a própria fraqueza de forma corajosa, para fortalecer conexões, ter resultados melhores e ser respeitado. É essa a abordagem que eu acredito.

Não crie um personagem que você, erroneamente, acredita ser o “ideal”. Essa postura só irá te prejudicar, acredite. A sua maior força, como empreendedor e pessoa, será de conhecer a si mesmo, suas habilidades e fraquezas, e, a partir disso, tomar decisões melhores e mais eficientes para o todo.

O personagem é uma máscara, e, uma hora ou outra, todas as máscaras caem. Como empreendedor, você tem o papel de ser o exemplo. Exemplo de coragem, honestidade, integridade e comprometimento. O jeito que você se comporta vai afetar o jeito que seus colaboradores, sócios, parceiros de negócios vão se comportar também.

Se você coloca uma máscara para esconder aquilo que é desafiador, não se surpreenda se esconderem coisas da empresa – erros, situações desafiadoras, problemas de convivência ou de comportamento… você está criando a cultura da mentira, e legitimando ela.

Ser perfeito é para os fracos. É para quem fica na arquibancada criticando enquanto os corajosos estão na arena, como bem dito pela Brené Brown. Covardia é continuar numa situação que você sabe que não quer estar, por medo de encarar o novo e o desconhecido. Não se esqueça disso.

Encontro vocês semana que vem! Beijo.

Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, escritora, mentora e influenciadora. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos. Foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018 e é pós graduada em Filosofia. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte, do IMATIZE e autora do livro O Jovem Digital.

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