Ficar em casa se tornou uma necessidade diante da rápida disseminação e alta taxa de transmissão do novo coronavírus pelo mundo. Em outros tempos, esse recorte poderia até significar recesso forçado e fim das atividades, mas em uma época de indústria 4.0 e conectividade em todo e qualquer lugar, ficar em casa agora é sinônimo de home office.
É difícil mudar a cultura do “sair para trabalhar”, já que muitas companhias ainda vêem o trabalho remoto com certa desconfiança, mas sem perceber ele já acontece –até nas empresas mais tradicionais. Quantas vezes você não levou trabalho para casa ou resolveu um assunto pendente no trânsito e fez uma call durante uma viagem? Tudo isso envolve trabalhar sem estar de fato no espaço físico do escritório.
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Em pesquisa realizada pela Statista no Reino Unido sobre o impacto do home office na vida profissional, 73% dos entrevistados acreditam que são mais eficientes trabalhando de casa e 68% dizem trabalhar mais horas neste formato.
Nesta quarta-feira (18), Flávio Augusto, proprietário da Wise Up e do clube de futebol Orlando City, publicou em sua conta no Twitter que não só é adepto ao home office, como também acredita que este período vai proporcionar novas relações de trabalho.
Trabalho +40h/sem em home office há +10 anos e sou bem produtivo, mesmo morando num país distante de minhas empresas.
Com as ferramentas tecnológicas, isso é possível, viável e com + qualidade de vida.
Essa crise vai emplacar novas relações de trabalho como um de seus legados.
— Flávio Augusto (@GeracaodeValor) March 18, 2020
Flávio aderiu ao home office em 2005, quando decidiu se mudar para a Austrália, mas continuar a trabalhar em seu negócio sediado no Brasil. “A essa altura, a Wise Up batia 100 escolas, em dez anos de operação. Eu sentia que o negócio tinha uma dependência muito grande minha presença. Me pegava pensando o que minha avó sempre dizia para os filho e netos: “Como vai ser o dia que eu morrer?!”. Eu queria buscar uma forma de mudar isso, coordenar, dirigir, mas fazer com que as coisas acontecessem sem mim. Como fazer essa transição sem colocar em risco a performance? Fui dando autonomia às pessoas. Aí eu decidi passar um ano fora do Brasil, na Austrália”, conta.
Quatros anos depois, com muitos ajustes, ensaios e erros, Flávio decidiu se mudar para os Estados Unidos com a família. O trabalho remoto continua, mesmo quando é possível estar no ambiente profissional. “Para você ter uma ideia, não tenho um sala ou escritório para mim no meu clube de futebol (Orlando City). Faço tudo de casa mesmo. Acho estranho ter que sair para trabalhar”, comenta o empresário que diz não fazer investimentos mirabolantes em ferramentas pagas e aplicativos. “Hoje tudo está ao alcance. Uso apenas três ferramentas: Zoom, WhatsApp e Skype. Não preciso de nada além disso –claro que estamos falando de um trabalho que não requer produção de peças de design e planilhas complexas. Meu trabalho se divide em 20% Skype, 20% Zoom e 60% WhatsApp. Uso o celular para 70% das minhas atividades e consegui reduzir o uso do e-mail em 90%”.
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O momento é oportuno para repensar o que é um ambiente de trabalho. A adaptação às circunstâncias pode ser benéfica a longo prazo –além de representar uma economia de espaço e recursos para a empresa, pode facilitar e melhorar a vida profissional e pessoal do funcionário, sem perder em produtividade. “Acho que, passando esse período, muitas pessoas vão repensar a forma de trabalhar. Para quem acha que não é produtivo, quanto tempo a gente gasta no trânsito por dia? Fora risco de assalto, dinheiro que gasto com locomoção e estacionamento. Quem gastava três horas no trânsito, passa a ganhar três horas para viver. Se a pessoa tiver a confiança da empresa é como conquistar um aumento de 50% em qualidade de vida”.
Veja, na galeria de imagens a seguir, dicas de Flávio Augusto para trabalhar remotamente com eficiência:
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filadendron-gettyimages 1. Mantenha o contato visual
Em momentos de transição, incerteza e novas formas de trabalhar, manter o contato visual é uma maneira de perceber que todos estão junto e trabalhando, de se manter motivado, de sentir e transmitir segurança.
“Eu fazia reuniões com meus diretores e gerentes por videoconferência. Olhava nos olhos de cada um. Isso é importante para garantir que você está presente e que tudo deve prosseguir normalmente.”
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Nisara-Tangtrakul-EyeEm-gettyimages 2. Seja um continuísta
O profissional continuísta é aquele que trabalha para garantir a continuidade harmoniosa entre as cenas de uma produção. Por exemplo: se em uma cena um ator usa uma camisa azul e em outro ângulo de filmagem, na mesma cena, ele aparece com uma camisa vermelha, isso configura um erro de continuísmo. O profissional continuísta deve garantir que a narrativa seja contínua, conexa e coesa.
Ser continuísta trabalhando de casa significa dar continuidade nas atividades, trabalhar de acordo com a demanda, manter o foco e a atenção. Estar atento aos detalhes e onde parou para poupar tempo de revisão na retomada das atividades.
“Para trabalhar à distância é preciso ter noção de continuísmo. Você faz uma reunião, mas sua cabeça está em outro local. É normal estar condicionado a pensar em outras coisas. Nesse momento, seu cérebro precisa conseguir voltar para a última conversa que teve com seu diretor para continuar de onde parou. É importante estar na mesma página para dar sequência ao trabalho.”
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Ariel-Skelley-gettyimages 3. Confie em sua equipe e se concentre no seu trabalho
É comum no trabalho à distância querer saber se todos estão fazendo o que é preciso para que o produto final seja o esperado, mas prender-se ao microgerenciamento é jogar tempo no lixo e deixar de focar para que o seu trabalho seja feito dentro do período de tempo esperado. Construa uma relação de confiança com sua equipe. Um relógio depende de todas as engrenagens para funcionar. Se uma enrosca em outro componente, o relógio para de funcionar como deveria.
“Aprendi a dar mais espaço para os executivos e atuar onde sou melhor –que é na visão estratégica, modelação do produto, condicionamento de mercado. Tenho minhas reuniões periódicas semanais para cuidar da parte macro. Não entro no micro, isso é com eles. Tocamos as coisas com confiança.”
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Stephen-Lux-gettyimages 4. Liberdade requer responsabilidade
Trabalhar de casa tem seus benefícios, como poder usar uma roupa mais confortável, ouvir um som ambiente, receber um abraço das crianças durante o expediente, se alimentar melhor. Fazer uma pausa no sofá. Mas tudo isso requer responsabilidade. É preciso saber o momento que é possível ficar à vontade.
É importante cumprir seu horário de trabalho, para que ninguém precise trabalhar a mais porque você não está disponível –lembre-se de que uma equipe funciona como um relógio e cada integrante é um componente. Esteja vestido adequadamente em um ambiente tranquilo quando estiver em videoconferência. Se vai entrar um pouquinho mais tarde hoje, compense ficando um pouco mais no fim do expediente. Mantenha a seriedade e leve seu trabalho com respeito e honestidade.
“Você ganha flexibilidade, óbvio, mas isso exige disciplina e responsabilidade. Existem pessoas que vão performar bem ou mal com isso. Trabalhar em casa não é trabalhar menos. Quando você acostuma não tem essa historia de banco de horas, em casa você decide. Se dá um luxo de ter um almoço um pouco mais prolongado e acorda mais cedo para compensar, essa liberdade é usada para flexibilizar, deixar as coisas mais leves.”
1. Mantenha o contato visual
Em momentos de transição, incerteza e novas formas de trabalhar, manter o contato visual é uma maneira de perceber que todos estão junto e trabalhando, de se manter motivado, de sentir e transmitir segurança.
“Eu fazia reuniões com meus diretores e gerentes por videoconferência. Olhava nos olhos de cada um. Isso é importante para garantir que você está presente e que tudo deve prosseguir normalmente.”
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