Quantas vezes você já escutou – ou contou – que alguém teve uma ótima ideia? Muitas vezes, provavelmente. De fato, se existe algo que nós, brasileiros, temos de sobra é a criatividade. Só que nem sempre ela é sinônimo de inovação e suficiente para ser estruturada em um modelo de negócio competitivo, rentável e duradouro. Por isso não precisamos apenas de boas ideias. Em especial nas startups, é necessário adicionar uma ótima execução que resolva algum problema ligado aos desejos da maioria das pessoas, que seja percebido como falta, dificuldade ou aspiração.
Os dados não mentem: cerca de 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos de existência. Aproximadamente 18% delas não completam nem dois anos. Esse número, resultado de um estudo realizado pela aceleradora Startup Farm, em 2017, revela a dificuldade de um negócio prosperar se ele não for muito bem executado. Importante frisar que essas empresas não fecharam as portas devido a falta de aporte ou investimento, mas por desalinhamento entre a proposta de valor e o interesse do mercado.
Para uma startup superar esses primeiros anos é preciso ir muito além de simplesmente ter uma boa ideia. O empreendedor deve ter a cabeça aberta e pesquisar inovações, conceitos, tendências em todos os cantos do mundo, em diversos segmentos de mercado, e não ficar preso ao que já está estabelecido. Precisa, ainda, ter a capacidade de executar seu plano com poucos recursos, sejam eles de capital financeiro ou humano. É aqui que diferenciamos quem está nessa para valer ou não.
Apesar de todos os desafios inerentes ao empreender, as empresas brasileiras – assim como nos demais países – estão passando por um grande processo de transformação digital. A adoção das novas tecnologias e a busca incessante pela criação de experiências customizadas para o cliente, este cada vez mais bem informado e conectado, gera um ecossistema propício para o desenvolvimento de muitas oportunidades de negócio.
O Brasil, ao contrário do que muitos imaginam, é muito bem posicionado no cenário empreendedor, sendo visível o crescimento de uma cultura inovadora. O TechCrunch publicou alguns dados mostrando que o nosso país tem o maior ecossistema de startups da América Latina, mesmo com um cenário econômico desfavorável. Isso mostra que nós temos muito mais do que apenas “boas ideias”.
Claro que é muito difícil prever o sucesso de uma startup, mas o primeiro passo é fazer o chamado Customer’s Discovery (descoberta de cliente), que consiste em realizar uma pesquisa no mercado para identificar se, de fato, existe um problema a ser resolvido e cuja solução se transforme num negócio. Algumas perguntas são importantes nesse processo para saber se a sua ideia é digna de transformá-la em um modelo de negócio competitivo, rentável e duradouro:
• Você enxerga um problema e tem uma ideia de solução inovadora para ele?
• Trata-se de um negócio difícil de ser copiado? Quanto mais personalizado, melhor;
• A ideia realmente será percebida como algo de valor pelo mercado ou vai durar apenas enquanto novidade?
• Tem um bom potencial de crescimento e de alta rentabilidade? Isso significa que seu negócio pode crescer e ser replicado, sem depender de profissionais especializados ou do aumento no número de funcionários proporcional ao seu crescimento;
• Está em um mercado potencial significativo para que o negócio atinja um patamar de dezenas ou centenas de milhões de reais?
Responder sim para a maioria das perguntas é um bom caminho, ainda que não seja garantia de sucesso. E lembre-se de que a motivação para empreender nada tem a ver com dinheiro ou vontade de ser dono de algo. Para Steve Blank, um dos principais gurus da cena empreendedora mundial, as startups bem-sucedidas só alcançam sucesso quando acham seu Product Market Fit. Isso significa encontrar o ‘encaixe perfeito’ entre o produto e a solução proposta em um nicho de mercado promissor. Não é fácil, mas também não é impossível.
E aí? Você tem mesmo uma boa ideia para investir?
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.
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