Durante três dias, restaram bem claro que a era da transparência do impacto começou e está mudando as metas para empresas e investidores. Os usos da tecnologia e big data, combinados, apontam na direção dos esforços de muitos investidores e organizações para tornar a medição e avaliação do impacto corporativo uma realidade.
Com a chegada da transparência na ação social, ambiental e de governança nas empresas, impacto e lucro passam a definir as novas regras do jogo.
A prestação de contas das empresas, já adicionada ao investimento do impacto produzido, deu um grande passo em julho de 2020, com a publicação do custo do impacto ambiental de 1.800 empresas pela Impact-Weighted Accounts Initiative (IWAI), da Harvard Business School. O IWAI, sob a liderança do Sir Ronald Cohen, estuda agora o custo do produto e os impactos sobre o emprego.
A análise da prestação de contas das empresas por meio das lentes do impacto trará uma nova perspectiva sobre a verdadeira lucratividade das empresas. Tal modelagem, com certeza, terá consequências de longo prazo. Até porque envolve desejos de consumo, escolhas de investidores e mudanças de atitude dos líderes empresariais.
De acordo com o IWAI, para certas empresas de determinados segmentos da indústria, como por exemplo energia elétrica, materiais de construção e embalagens, houve mais de um quarto de redução do EBITDA. Em outras indústrias, uma grande variação foi facilmente revelada pelos danos ambientais criados.
Outro ganho decorrente da transparência do impacto envolve os investidores. Permite-se uma avaliação do negócio com régua mais justa e precisa dos impactos ambientais e sociais das empresas em suas análises de investimento. Mais de US$ 30 trilhões são movimentados hoje em investimentos ESG – com foco em mudanças climáticas, na diversidade de funcionários e na saudabilidade dos consumidores – apesar da ausência de todos os dados relevantes para uma tomada de decisão de menor risco.
Aqui há um ponto de inflexão: começa a ficar mais evidente que as empresas com maior impacto negativo gerarão, se já não geram, menos interesse do investidor, o que reduz sua valorização no mercado de ações e aumenta seu custo de capital. Mais uma vez, citando o Sir Cohen, a prestação de contas do impacto do negócio motiva a gestão a melhorar o impacto corporativo, aumentando o valor em bolsa e, por vezes, a sua própria remuneração.
Para completar, a transparência permitirá que os consumidores – sejam eles indivíduos ou empresas – e funcionários alinhem suas escolhas de compras e carreira com seus valores. A “lavagem de impacto ou green washing” está amplamente difundida porque os dados de impacto são escassos.
Assim, cada um de nós tem um papel valioso a desempenhar.
Se você lidera uma empresa, meça e comunique seu desempenho com o olhar de impacto.
Se você é um investidor, exija transparência de impacto das empresas nas quais você investe.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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