Caríssima, não tenho dúvidas de que nós, mulheres, possuímos o poder de transformar e melhorar ambientes de trabalho. Mas a competitividade entre nós nos puxa para baixo – ao contrário do que muitas podem imaginar, quando você passa por cima de uma mulher para se sentir melhor, você está somente se prejudicando.
O trabalho pode se tornar um ambiente tóxico para diversas profissionais, com colegas de trabalho que não dão espaço para ideias de mulheres, chefes assediadores e abusivos e, o que torna tudo ainda mais triste, outras mulheres que se enxergam e se tratam como rivais. Esse combo torna tudo insustentável. Por isso acredito no poder da sororidade para mudar essa realidade, e é para isso que eu quero que você, caríssima, abra os olhos, reflita e mude suas ações.
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A sororidade nada mais é do que a união e a aliança entre mulheres, em busca de alcançar objetivos comuns. Ou seja, ela deve ser amplamente utilizada dentro do ambiente de trabalho. Se você deseja ter mais espaço para falar, crescer e se tornar uma líder dentro de uma empresa, por exemplo, precisa dar oportunidade e espaço para que outras colegas tenham a mesma chance que você. É a famosa maneira de agir: me cobre, que eu te cubro. E assim nossa força se multiplica.
Isso pode ser feito de diversas maneiras, inclusive, com atitudes simples do dia a dia. Por exemplo, se uma mulher está tentando se manifestar e um homem a interrompe, você pode pará-lo, pedindo para que deixe que ela finalize. Isso mostrará, de maneira simples, o seu apoio à essa colega e ela se sentirá invencível com sua ajuda. Você também pode se colocar como um canal aberto para ajudar outras mulheres que estejam passando por situações de assédio ou abuso no trabalho.
Esses são apenas exemplos, atitudes básicas que podem ser tomadas. Mas a realidade é que a sororidade, ainda quando ocorre com gestos mais singelos, é importante não apenas para um ambiente de trabalho mais agradável, mas também para a nossa evolução enquanto espécie porque a união é o nosso estado natural. Acontece que a sociedade, o patriarcado, colocou nas nossas cabeças que devemos ser rivais, competidoras. E sabe como isso começou? Na competição feminina por um “bom partido”, o tal príncipe, pois essa era a única maneira de existirmos.
Os desenhos infantis sempre mostram uma mulher linda e bondosa e, em contrapartida, uma mulher horrível, a bruxa, que quer prejudicá-la. Os filmes adolescentes, em sua esmagadora maioria, trazem para o enredo duas mulheres competindo por algo. Aos poucos, essas coisas estão mudando, não tenho dúvidas. As narrativas já estão diferentes: o final feliz, para nós, não é necessariamente estar numa relação com alguém, mas com nós mesmas.
Afinal, sabemos mais do que ninguém, o quanto essa competição do universo feminino – por um homem e por espaço no mundo – é algo doloroso e cruel. Muitas vezes somos mais julgadas entre nós mesmas do que pelos próprios homens. Comparamos nosso peso, nossa aparência, nossas roupas, empregos, maridos, tudo. Absolutamente tudo pode virar motivo para rivalidade! Não dá mais para insistir nesse comportamento, né? Não deixamos de ser incríveis quando outra mulher também é. Podemos ser boas em uma coisa e a nossa colega ter outros dons – isso somado nos fará maiores e mais fortes, e não o contrário.
Quando você enaltece uma mulher, mostrando o quanto ela é poderosa, capaz, inteligente, entre tantas outras qualidades que você pode observar nas mulheres que convive, você também está se empoderando. E nós devemos, mais do que nunca, formar uma enorme força de proteção e apoio. Uma rede de empoderamento real!
Voltando ao ambiente de trabalho, ainda que as suas colegas não tenham tomado 100% de consciência do quanto a sororidade e o empoderamento podem mudar a realidade de todas, mesmo assim vale a pena você começar esse movimento. Mostre para as mulheres à sua volta que você está ao lado delas para encorajá-las a se tornarem pessoas e profissionais melhores. Mostre o quanto vocês, unidas, podem fazer muito mais, e ir bem mais além.
Sororidade sempre.
Suzana Pires.
Primeira atriz também autora de novelas do Brasil, a empresária e empreendedora social Suzana Pires é formada em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), em showrunner na MediaXchange, em Los Angeles, e em empreendedorismo pelo Empretec Sebrae SP. Depois que começou a escrever a coluna Dona De Si, em 2017, surgiu a ideia de criar o Instituto Dona De Si, com o principal objetivo de acelerar talentos femininos. Atualmente, segue como atriz na Rede Globo de Televisão e como autora cria projetos para players nacionais e internacionais através da marca Dona De Si Conteúdos.
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