Contorne qualquer ordem destinada a interromper seu sonho.
Nunca aposte em uma corrida a menos que você esteja correndo.
Vá trabalhar todos os dias disposto a ser demitido.
Você já se deparou com alguma destas frases?
Elas fazem parte dos 10 Mandamentos do Intraempreendedorismo, de Gifford Pinchot III, autor do livro Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur, e considerado o criador do conceito do intraempreendedorismo.
Recentemente participei de um bate-papo com um executivo de vendas, em um evento para os colaboradores de uma multinacional, e esse tema se revelou. Se as empresas precisam se transformar, e rápido, nada mais inteligente do que estimular que o seu time assuma uma postura ativa nesse movimento, não é mesmo?
Construir um negócio dentro de um negócio é algo poderoso. Especialmente se isso for feito por pessoas que acompanham diariamente a rotina da empresa e entendem, como ninguém, as dores da operação.
O intraempreendedor enxerga uma oportunidade onde os outros não enxergam. Você já parou para pensar no valor que isso tem para a sua organização?
Você, que é líder, já imaginou o arsenal de boas ideias circulando entre o seu time de colaboradores, e que não estão sendo aproveitadas para melhorar o seu negócio?
Empreender não é sinônimo de abrir uma empresa, e cada vez mais essa visão tem se disseminado, especialmente, nas grandes corporações.
Esse não é um movimento novo, mas tem crescido a partir de um cenário marcado pelo amadurecimento do nosso ecossistema de inovação e percepção de que a longevidade das empresas depende da capacidade de se reinventarem, e esse processo é liderado, justamente, por pessoas.
Um estudo da Deloitte Digital aponta que quase 88% das companhias que faziam parte da Fortune 500 em 1955, não estão mais listadas. A maioria passou por processo de fusão ou aquisição, saiu do mercado ou perdeu relevância.
O que isso tem a ver com o intraempreendedorismo? Para as organizações de manterem competitivas no mercado, precisam investir em produtos e serviços alinhados com as demandas do novo consumidor, e em inovação. E um dos caminhos mais eficazes de conseguir isso é aproveitando ao máximo os seus recursos internos.
Agora, precisamos acertar os pontos para a execução desses processos.
O intraempreendedorismo só acontece de forma eficaz em empresas com a cultura de people-centric. E conforme aponta estudo da Deloitte, mais do que criar, é preciso saber identificar os intraempreendedores.
A partir disso, as organizações devem criar as condições para que os seus colaboradores se sintam seguros para falar sobre as suas ideias. Dar suporte, autonomia, motivação e incentivos é parte essencial desse processo.
Também é fundamental desenvolver uma metodologia e sistemas de avaliação e execução das ideias geradas por eles, para que de fato saiam do papel.
Algumas grandes corporações estão criando uma verdadeira esteira de entrega que vai da sensibilização e ideação e até a execução destes projetos idealizados pelos seus colaboradores, conectando-os com parceiros como aceleradoras. Algumas já criaram até mesmo operações de venture builder, passando a atuar de forma sistemática no desenvolvimento de empresas inovadoras.
Agora meu papo é com você, empreendedor.
Você costuma ser proativo no desenvolvimento do seu trabalho? Está sempre em busca de conhecimento e de novos desafios para exercitar as suas habilidades?
O seu envolvimento na operação pode ser muito maior do que apenas executar algumas funções. Participar ativamente do movimento de reinvenção e evolução da empresa no mercado é muito transformador e, certamente, vai te levar a outro patamar como profissional.
Para isso, tenha atitude, esteja disposto a se desafiar e a avançar progressivamente na sua carreira.
Escolha um emprego que você ama, e você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida, já diria a frase atribuída a Confúcio.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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