Os desafios para implementação das entregas via drones no Brasil

26 de abril de 2022
Prapass Pulsub/Getty Images

A Natura e a Avon iniciaram testes técnicos para a realização de entregas dos produtos das marcas por meio de drones. Com a nova tecnologia, as empresas buscam melhorar a experiência para as consultoras e representantes

Recentemente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou algumas empresas de delivery a começarem as entregas via drones no país. A notícia chamou a atenção de todos e empolgou diversas companhias do setor, já que a permissão possibilita que alimentos/produtos cheguem mais rápidos aos consumidores. Porém, a implementação de fato da operação, é um grande desafio, principalmente pela
extensão territorial do Brasil.

Desde 2013, por exemplo, a Amazon indica a possibilidade de utilizar drones em suas entregas, mas até o momento a gigante de tecnologia ainda não possui nada concreto em sua operação. Portanto, o assunto não é tão simples como é possível imaginar e a utilização dos drones para realizar entregas pode levar mais alguns anos, mesmo com a autorização da Anac.

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No Brasil, há mais de dois anos, empresas do setor vêm realizando testes para ter parâmetros e critérios técnicos de segurança, já que os drones dividirão o espaço aéreo com outras aeronaves, fios elétricos e aves. Neste sentido, podemos afirmar que a tecnologia é importante, mas não é determinante para o sucesso da entrega e as plataformas precisam pensar em um sistema integrado para garantir a navegação e segurança durante todo o processo logístico.

Com isso, listo abaixo alguns desafios e pontos importantes para o setor na implementação dos drones em suas operações logísticas:

Segurança: em caso de novas autorizações, poderemos ter vários drones de diferentes empresas sobrevoando as nossas cabeças. Como organizar esse espaço aéreo de maneira segura?

Limitações: os drones mais tradicionais são limitados na questão do peso. Eles podem carregar produtos com cerca de 3kg. Nesse sentido, entregas de produtos mais pesados continuarão com a logística convencional.

Sons: os drones por si só são bem barulhentos e isso pode prejudicar a utilização dos equipamentos em bairros residências, já que os moradores podem barrar a modalidade de entrega por conta dos sons ou limitar o uso do equipamento em horários comerciais.

Chuvas: drones são equipamentos eletrônicos e em dias de chuvas pesadas, podemos ter um acúmulo de entregas por conta de temporais, que fecham até aeroportos, por exemplo. Esses equipamentos estão preparados para isso?

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Privacidade: drones têm a possibilidade de filmar e tirar fotos. Com tantas aeronaves vindo e ido, como garantir nossa privacidade?

Roubos: precisamos nos precaver de assaltos e, com drones sobrevoando as cidades, será necessária uma atenção maior nesse quesito, não só pensando nos roubos ou furto do equipamento, mas também da carga, até chegar ao destino.

Ainda existe um grande trabalho a ser feito antes da efetividade do uso de drones para entregas de encomendas. No quesito operacional, as empresas precisarão melhorar a gestão de rotas, o que significa mais trabalho e suporte de softwares para viabilizar a operação.

Além disso, precisamos ficar atentos às questões de segurança física, mantendo a integridade dos consumidores que receberão os seus produtos via drone. É um caminho longo a ser construído, mas que faz parte do crescimento do varejo no Brasil.

Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Economia Digital e Inovação da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.

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