Autoconfiança: não fuja do que te desafia

14 de novembro de 2022
Getty Images

Mulher de negócios em uma reunião de trabalho

Se eu te pedisse para citar pessoas que fazem um trabalho incrível, quanto tempo levaria para pensar em você mesmo?

Eu costumo fazer essa provocação nas minhas palestras e redes sociais, e é interessante perceber as reações. Invariavelmente, mesmo empreendedores e profissionais bem-sucedidos, esquecem de valorizar o trabalho incrível que fazem.

E por que será isso? Em alguns casos, essa postura pode estar atrelada à própria percepção de valor que temos do nosso desempenho. Eu estava lendo recentemente um estudo da McKinsey sobre confiança autêntica, que nada mais é do que sabermos que somos capazes de enfrentar desafios porque temos as habilidades para lidar com eles. Você tem essa confiança?

Isso passa pelo autoconhecimento, pela clareza que precisamos ter das nossas fraquezas e fortalezas. Pela capacidade de aceitá-las com gentileza, e nos preparar para avançar dentro das nossas metas.

O sucesso de um empreendedor depende dele ter autoconfiança. Isso é fato. Entretanto, isso só vai acontecer para quem se permitir sair da nossa zona de conforto, se desafiar, enfrentar situações que causam medo.

A pandemia é um exemplo disso. Quantas coisas descobrimos desde 2020 que somos capazes de fazer e que antes nem imaginávamos? Trabalhar com eficiência mesmo distante das pessoas do escritório? Encurtar distâncias e custos por meio de reuniões remotas? Quantos negócios pivotaram e ressurgiram mais sólidos, com menos desperdícios de recursos e, portanto, com mais chances de escalar?

Em 2020, mais de 50% dos empreendedores que participaram de um estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) afirmaram que iniciar um negócio se tornou mais difícil – isso foi relatado em 33 de um total de 46 economias ouvidas. Um ano depois, esse índice se manteve, mas o número de países no qual os empreendedores citaram essa dificuldade caiu para 18.

O cenário ficou menos complexo? Mais óbvio? Menos acelerado? Com certeza não. Eu sempre comento que vivemos em um mundo FANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível). Neste sentido, é muito fácil nos sentirmos perdidos, cansados, sem saber como dar o próximo passo.

Mas, por incrível que pareça, a experiência da pandemia aumentou a conscientização dos empreendedores sobre as oportunidades de negócios que estavam se desvelando. Ao vivenciar um dos ambientes mais desafiadores da nossa história, descobrimos que éramos capazes de reverter cenários que não pensávamos ser possíveis. Ficamos mais confiantes.

Na medida em que acreditamos na nossa capacidade, passamos a nos sentir mais à vontade com as incertezas, o que tem um reflexo importantíssimo na nossa saúde metal. Se somos mais confiantes na nossa capacidade de explorar o novo, fechamos a porta para a ansiedade e para o estresse excessivo.

Não é à toa que as habilidades humanas dominam o interesse do mercado hoje em dia. Você pode ser muito bom tecnicamente, mas se não souber gerenciar o estresse, se não tiver coragem de realizar, mesmo com a possibilidade de errar, se não souber lidar com os fracassos, vai acabar ficando pelo caminho.

Portanto, se você quer dominar a confiança, tome risco – não de forma imprudente, claro – mas aceite que fracassar pode tornar a sua jornada empreendedora mais longeva, justamente pelos aprendizados que terá. Mantenha o estresse sob controle – a meditação é uma ótima ferramenta para isso. Faça parte de comunidades de empreendedores para compartilhar suas vivências.

E, lembra da frase inicial deste artigo? Então, tenha consciência sobre as suas principais habilidades, os seus grandes diferenciais, e os fortaleça sempre.

Quando estiver em uma negociação por um trabalho novo, uma parceria ou até um investimento, se eu puder te dar um conselho, é esse: tenha coragem e projete confiança, não importa o quão inseguro esteja.

Camila Farani é Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.