Com mais de 50 plataformas tecnológicas em seis mercados incluindo indústria, saúde e consumo, a 3M é considerada uma das organizações mais diversificadas do mundo. No Brasil, a companhia emprega mais de 4 mil funcionários em locais como Manaus (AM) e Ribeirão Preto (SP), além de Sumaré (SP), onde a empresa mantém seu maior parque fabril.
Em um evento em São Paulo no começo do mês no Museu de Arte Moderna (MAM), do qual a 3M é um dos mantenedores, a empresa detalhou sua visão de futuro. No encontro, que contou com a presença de executivos sêniores da companhia e de personalidades do mundo da inovação, como a cientista de consumo Andrea Bisker, a futurista Martha Gabriel e a especialista em inovação Amanda Graciano, a empresa anunciou seu estudo, o 3M Forward.
Segundo o diretor de pesquisa e desenvolvimento e inovação para a América Latina na 3M, Paulo Gandolfi, o estudo mostra que as mudanças climáticas e a escassez de recursos estão no radar da maioria dos entrevistados, com 93% das pessoas em todo o mundo preocupadas com as consequências das mudanças climáticas e 90% acreditando que a ciência pode ajudar a minimizar seus efeitos.
“A solução não é mais frear o aumento de temperatura global, e sim evitar que esse aumento e o efeito das mudanças climáticas seja muito maior do que a gente já sabe que pode ser”, diz o executivo, citando exemplos do que a companhia tem feito para reduzir seu impacto ambiental, como o uso de energia renovável em todas as suas fábricas na América Latina desde 2013.
Foco em requalificação
No que diz respeito ao pilar social das tendências, o estudo mostra que três em cada quatro brasileiros acreditam que os avanços tecnológicos e sociais serão muito benéficos para sua saúde e educação, e 82% estão dispostos a usar avanços digitais para sua saúde e bem-estar e produtividade.
Gandolfi comentou sobre programas da 3M com foco em eficiência na produção, como a robotização de sistemas para a indústria automotiva, para ilustrar as mudanças do trabalho ocasionadas pela tecnologia. “O que estamos vendo é que pouca gente hoje em dia quer trabalhos que vão demandar muito esforço físico,” diz o executivo.
Se a automação cria a possibilidade de aumentar a representatividade feminina em posições de trabalho no chão de fábrica, o executivo da 3M nota que a tecnologia também traz o desafio de realocação da mão de obra que não quer mais trabalhar em funções que foram transformadas, ou corre o risco de perder o emprego por conta da automação de tarefas. Com estes problemas em mente, a empresa tem se concentrado em equipar sua força de trabalho interna para as demandas do futuro.
“Investir em formação e qualificação de nossos funcionários é fundamental”, diz Gandolfi. Segundo o diretor de P&D, um exemplo de como isso está sendo feito é a iniciativa da 3M para incentivar funcionários como químicos e engenheiros, a se tornarem programadores. “O mundo digital não é o metier deles, mas temos nos esforçado muito para requalificá-los”, pontua o executivo, enfatizando a necessidade de adquirir “fluência digital”.
O desafio da reindustrialização
Com seu chapéu de diretor da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), Gandolfi argumenta que reverter o processo de desindustrialização da economia é fundamental para o Brasil. “Não existe nação desenvolvida no planeta que não tenha uma indústria, que faça coisas que sejam importantes para o mundo”, diz o executivo.
“Para isso, precisamos de mão de obra altamente qualificada, que vai perder o seu emprego se [as empresas] não os ajudarem a se desenvolver”, diz Gandolfi, acrescentando que acredita na necessidade de políticas públicas que apoiem a reindustrialização e é positivo quanto ao futuro, mesmo com os desafios atuais.
“Sou um eterno otimista: tenho um sonho de um país mais industrializado responsavelmente, com um plano de ação, focado no que o Brasil é capaz de fazer e com uma população mais educada, mais respeitosa de todas as diversidades que a gente tem, mais sustentável. Temos bons exemplos para mostrar para o mundo”, conclui.
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