Rumo Futuro: Com Monique Evelle como sócia, Creators avança no mercado de influência

4 de setembro de 2023

Monique Evelle com os fundadores da Creators, Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer. O foco da startup são fundos americanos que já tenham feito investimentos na creator economy e buscam expansão na América Latina.

Em nova fase como investidora e jurada no reality show Shark Tank Brasil, Monique Evelle adiciona mais uma frente ao seu vasto portfólio de projetos. A empreendedora baiana anunciou sua entrada como sócia na Creators, plataforma que aproxima marcas e criadores de conteúdo fundada por Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer em 2019.

Na empresa, que atende marcas como Globoplay, Nubank e Amazon Prime, Evelle vai integrar o conselho e conduzir a atração de grandes clientes e investidores de fora do Brasil. O foco da startup são fundos americanos que já tenham feito investimentos na creator economy e buscam expansão na América Latina. Segundo os fundadores da Creators, que não divulgam o atual valor de mercado da empresa, a rodada será aberta a partir do último semestre deste ano com valor em torno de $2 milhões.

“Fico feliz que minha temporada nos Estados Unidos em 2021 rendeu boas conexões para conseguir traduzir a potência das startups brasileiras para os investidores americanos. Estamos animados para começarmos a rodada”, diz Evelle, em entrevista à Rumo Futuro. O acordo de sociedade foi viabilizado sob o formato de vesting – um tipo de contrato que prevê a aquisição gradual de participação do negócio – e os fundadores continuam com o controle majoritário da empresa.

A aproximação entre Evelle e os fundadores tem evoluído desde 2019, quando a empreendedora foi convidada para ser curadora de talentos do primeiro negócio de Arcanjo e Allgayer, que na época se chamava Nosotros. “Desde então, fomos nos aproximando mais, e quando a Creators já estava estruturada no marketing de influência passamos a conectar o perfil [de Evelle] para projetos comerciais com marcas interessadas em sua presença digital, e ela gostou do fluxo da plataforma após ter experimentado a contratação na prática algumas vezes”, diz Arcanjo.

A co-fundadora da Creators conta que o estalo para a junção de forças ocorreu quando os fundadores da startup convidaram Evelle como speaker na segunda edição do Creators Insider, evento para criadores de conteúdo em abril deste ano. “Começamos a conversar e em agosto assinamos o documento, como já tínhamos bastante contato o processo rolou rapidamente,” acrescenta.

Também investidora em outras startups como a empresa de software de mensuração recorrente de marca Purple Metrics, Evelle dá mais um passo em outra vertente promissora na interseção entre marketing e tecnologia, A economia de marketing de influência mais que dobrou desde 2019 e atualmente vale $21 bilhões, segundo a consultoria McKinsey. A previsão é que este ritmo continue, impulsionado por fenômenos como o aumento do interesse por marcas em micro e nano influencers.

No dia a dia da Creators, Evelle deve se envolver em trocas diárias e rituais mensais e trimestrais, com o objetivo de impulsionar o crescimento e consolidação da plataforma.

“Além de atrair clientes e investidores internacionais, eu realmente acredito que o futuro dos criadores é o empreendedorismo”, diz Evelle. Ela acrescenta que a Creators está bem-posicionada para atender a esta realidade através da conexão de criadores com marcas, mas também da profissionalização de criadores com educação e ferramentas a serem lançadas em breve.

Tendências futuras e desafios

Como nem tudo é um mar de rosas, existem desafios à frente para o trio, para além de um mercado de investimentos ainda turbulento. Segundo Arcanjo, o rápido crescimento da creators economy traz consigo uma dificuldade para as marcas, no sentido de se manterem “com a mente aberta e atualizada a tantas novidades simultâneas”.

“Por isso, acho que uma das principais dificuldades será sair dos moldes tradicionais de marketing e procurar novas potências para acessar as audiências com mais criatividade e conexão através do alinhamento de valores”, diz a empreendedora.

Outra frente que apresenta desafios é o crescente uso de inteligência artificial (IA) por marcas no lugar de influenciadores. A IA tem se mostrado uma ferramenta eficiente, tanto para marcas quanto creators, diz Allgayer, principalmente em tarefas como a criação e revisão de roteiros.

“Pouco sabemos até onde tudo isso vai, mas no momento a única certeza que temos é que nada substitui a verdade de um criador – uma IA não consegue falar das emoções e de como foi o dia de um criador. Afinal a audiência dos criadores quer ver verdade nos seus conteúdos”, ressalta o empreendedor.

“Indiferente das mais diversas ferramentas e estratégias de marketing e de conteúdo – é preciso lembrar que no final é tudo sobre pessoas, suas verdades e crenças,“ acrescenta.

Com um olhar pragmático para o futuro do segmento, Evelle prevê que a IA será utilizada por creators de forma mais intensiva para facilitar os processos e ganhar mais eficiência desde a criação até a entrega final.

“[A IA] não é uma concorrente, mas uma grande aliada dos criativos que podem expandir seus projetos para além de horizontes antes previstos”, diz a empreendedora e investidora, acrescentando que o mercado ainda está iniciando a internalização da IA, e que avanços nessa “parceria” estão no horizonte.

Ainda sobre as tendências futuras do mercado de criadores brasileiro e global e as formas em que a Creators está posicionada para responder a estes movimentos, Allgayer afirma que criadores de conteúdo vêm ditando o futuro do trabalho de uma forma geral e a empresa vem se posicionando para atender a estas mudanças.

A tecnologia da startup permite que clientes contratem “squads” que podem chegar a centenas de criadores de forma simples. Por outro lado, a empresa também desenvolveu ferramentas com foco nos criadores, como a Creators Pay, que permite que influenciadores façam a gestão de seus pagamentos e contratos. “Este movimento acompanha nossa visão de futuro, onde os creators terão independência para monetizar em diferentes frentes, vendo seu conteúdo como uma base de negócio”, diz o co-fundador da startup.

Ao comentar sobre as oportunidades do segmento, Evelle afirma que o crescimento exponencial do marketing de influência e da economia de criadores no Brasil reflete um novo paradigma na liberdade de empreender.

“Influenciadores não somente dão voz às suas realidades investindo na sua criatividade, mas moldam o seu próprio sucesso a partir de parcerias com marcas e empresas e criação dos seus próprios negócios”, finaliza.

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