Em 2018, dois anos depois do falecimento do primo, Santos participou da Startup Weekend, onde apresentou sua ideia: um aplicativo de delivery que fortalecesse o comércio local, levando e trazendo produtos para as comunidades da capital baiana. “Na época, Salvador experimentava um boom de entregas, mas o local onde eu morava, São Caetano, não era contemplado”, explica. “Por outro lado, o comércio local é muito forte e poderia perfeitamente atender a outros bairros da cidade.” O projeto de Santos ficou em 3º lugar e, a partir daí, foi se transformando em realidade.
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O aplicativo, que vai fazer o negócio ganhar escala e atender diretamente o consumidor final, está em desenvolvimento e deve entrar em operação nos próximos meses. O apoio do Black Founders Fund, do Google – que vai destinar R$ 5 milhões para 30 projetos, com valores variados distribuídos em função dos estágios de maturidade da startup e das suas necessidades atuais – vai servir justamente para finalizar a plataforma, recurso essencial para consolidar a presença da empresa em Salvador, e para ações de comunicação, marketing e operações. “Mas a nossa ideia é chegar a outras capitais”, diz Santos, dizendo que a prioridade é São Paulo, responsável por concentrar as maiores regiões periféricas da América Latina. “A proposta do TrazFavela é levar produtos da periferia para fora e de fora para a periferia, fazendo a ponte entre esses dois mundos.”
AFROEMPREENDEDORISMO COLABORATIVO
Em 2018, aos 22 anos, o carioca Thiago Braziel deixou Volta Redonda para atuar voluntariamente na Educafro, ONG que luta pela inclusão de negros e pobres nas universidades, públicas e privadas (com bolsa), para empoderar e propiciar mobilidade social para a população afro-brasileira.
A empatia foi imediata e, no final do encontro, Damazio entregou seu último cartão de visitas ao jovem estudante. Os bate-papos ao longo dos três meses seguintes acabaram se transformando em uma relação de mentoria, até que Braziel foi convidado para assumir a Afropolitan, um e-commerce que funciona como um ecossistema colaborativo para a distribuição e venda de produtos de moda e cultura afro no qual o empresário – que tem negócios nos quatro cantos do mundo – havia investido. Em meados do ano passado, Braziel assumiu o desafio de fazer o negócio decolar, atuando principalmente na operação comercial e na captação de novos parceiros.
Com uma loja física que expõe produtos de afroempreendedores que não têm espaço para isso no mercado “tradicional”, a Afropolitan faz a curadoria dos itens e trabalha para que os consumidores finais tomem conhecimento do que o povo negro tem produzido. “São empresas que faturam de R$ 12 mil a R$ 1 milhão por ano”, conta Braziel, que conseguiu expandir a atuação do negócio e hoje conta com um portfólio que agrupa uma centena de marcas brasileiras, duas da Colômbia e 16 africanas – estas últimas graças à uma parceria exclusiva com a Afrikrea, uma plataforma internacional que reúne mais de 5 mi empreendedores africanos que vendem seus produtos para 200 mil clientes norte-americanos e europeus. “Fizemos uma pesquisa no primeiro semestre e descobrimos que apenas quatro dos nossos afroempreendedores brasileiros tinham presença digital.”
O próximo passo foi, então, criar um e-commerce, que hoje vende itens de moda, livros, peças de decoração e produtos de beleza. “Nossa meta é ser o maior catálogo afro da América Latina, disponível inclusive em outras plataformas.” Mensalmente, cerca de 400 produtos são comercializados nos dois canais, físico e digital. O modelo de negócio é sustentado por taxas fixas mensais (nos dois ambientes), 25% sobre o faturamento (apenas no online) e contratos de 90 dias. Toda a parte logística, financeira e até de gestão fica a cargo do Afropolitan, por meio de aplicativos e outras soluções tecnológicas.
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“O Google acredita que as startups são um dos principais motores do crescimento econômico e da criação de empregos em suas comunidades. Porém, ouvimos constantemente de fundadores negros e negras que um dos principais obstáculo para o crescimento de seus negócios é o acesso ao capital, e em condições justas”, diz André Barrence, diretor do Google for Startups na América Latina.
MATCH ENTRE PROFISSIONAIS E EMPRESAS
Em funcionamento há cerca de três anos, a ferramenta da Creators já intermediou mais de 1 mil contratações, responsáveis pela geração de R$ 2,5 milhões. A startup usa algoritmos que identificam as habilidades requisitadas e em 24 horas promove um match entre profissional e cliente, fazendo a mediação da relação entre profissional e empresa contratante do início ao fim do projeto.
O processo conta com uma triagem dos cadastros recebidos, com checagem de portfólio, experiência profissional, redes sociais e outras informações e, uma vez aprovados, libera a participação nos pools de briefings. “Fazemos isso para garantir a fluidez na comunicação e na prestação dos serviços”, explica Nohoa, que é remunerada pelas empresas contratantes, que podem optar por um modelo de assinatura ou por transação. “Elas só vão receber propostas de profissionais disponíveis e interessados no projeto”, diz ela, explicando que a plataforma automatiza o contrato e também o sistema de pagamento.
Com 2 mil profissionais brasileiros cadastrados em 20 países, a Creators já atende 50 empresas, entre elas, Pernod Ricard, UOL e QuintoAndar. No ano passado, quando percebeu que estava crescendo, a startup partiu em busca de programas de aceleração e foi uma das selecionadas para três meses de mentoria do Startup Zone. Atualmente, além de fazer parte da atual turma de residência do Google, a Creators também está no Black Founders Fund. “Precisamos abrir mercado, contratar uma equipe de vendas e aumentar o número de clientes e esses recursos vão servir pra isso”, diz Nohoa, que aproveitou a pandemia para dar robustez à plataforma tecnológica e garante estar preparada para atender o aumento de volume que a pandemia deve acarretar.
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