O principal índice da bolsa paulista encerrou hoje (24) em forte queda, após o ministro Sergio Moro pedir demissão em discurso duro, gerando incertezas sobre o futuro do país já mergulhado na crise do coronavírus.
Após ter flertado com um mais um circuit breaker ao beirar 10% de queda, o Ibovespa se recuperou parcialmente, não o bastante para evitar uma derrocada de 5,45%, a 75.330,61 pontos. O volume financeiro somou R$ 37,7 bilhões.
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Com o desempenho desta sexta-feira, o índice volta a ter uma semana negativa, após registrar alta nas duas anteriores.
No pronunciamento em que anunciou sua demissão, Moro contou que Bolsonaro lhe disse querer um diretor da Polícia Federal com o qual pudesse ter um contato pessoal, “que pudesse ligar, colher informações, relatórios de inteligência”.
“A saída do Sérgio Moro coloca em xeque a continuidade do trabalho de outros ministérios, como o da Economia, e corrobora as dificuldades que o país pode enfrentar na retomada”, afirmou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Em transmissão pela internet à tarde, Bolsonaro rebateu as acusações de Moro sobre tentativa de interferência política na PF, mesmo após ter demitido o diretor-geral, Maurício Valeixo, sem o aval do ministro, a quem era subordinado.
Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, “a perda de credibilidade do governo Bolsonaro é gigantesca”, acrescentando que agora o mercado também se preocupa com uma possível demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O desempenho desta sessão só não foi pior devido à influência positiva das bolsas internacionais. Em Wall Treet, o índice S&P 500 subiu 1,39%.
Guedes, visto com bons olhos pelo mercado, cancelou seus compromissos desta sexta-feira, diante das tensões políticas envolvendo o governo.
Fontes da equipe econômica informaram à Reuters que a saída de Moro dificulta o caminho da agenda econômica de Guedes, que já passava por um momento delicado por conta das pressões por gastos com o coronavírus.
“Você enfraquece uma linha argumentativa que era a linha da resistência às velhas fórmulas políticas. Precisa ver se a resistência vai continuar ou se é a aproximação com os líderes do centrão”, disse uma das fontes.
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“O mercado acho que, em parte, precifica isso, me parece que a reação do mercado traz a avaliação de que você pode estar perdendo os alicerces que mantinham a condução da política econômica”, disse Flávio Seerano, economista-chefe do Haitong. (Com Reuters)
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