Ainda assim, Campos Neto disse entender que essa será uma variável que seguirá volátil. Nesse contexto, o BC segue com a mesma política de atuação que vinha adotando até então.
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Sobre o fluxo cambial, ele pontuou que alguns elementos “atípicos” estavam em jogo, fazendo com que o fluxo tivesse distorção maior.
De um lado, ele lembrou que os bancos atuavam na cobertura de uma “arbitragem fiscal”, o overhedge, que era muito grande. Quando o dólar subia frente ao real, esse processo se acentuava.
A referência era ao fato de a variação cambial dos investimentos dos bancos no exterior não ser sujeita à tributação, mas a cobertura de risco (hedge) desses investimentos feita no Brasil, geralmente por meio de contratos futuros de dólar e de cupom cambial, ser tributada.
“Nós fizemos uma medida que elimina esse problema para frente, mas que cria uma janela de compra que teria que ser até o final do ano. Nós sabíamos disso. Estávamos mapeando que existia uma compra de alguns agentes de mercado nesse sentido”, disse ele.
Campos Neto também destacou a visão do BC de que o fluxo especulativo estava ficando mais balanceado, e que o reflexo do risco no câmbio era proporcional ao Brasil e a sua situação fiscal.
O presidente do BC ressaltou que isso aconteceu e o câmbio teve uma melhora. Ele avaliou ainda que, na parte institucional, apesar de todo o ruído político o mercado enxerga que o governo está achando uma forma de trabalhar.
Em outro trecho da sua participação, contudo, ele ressaltou que é muito importante para o Banco Central que o país volte ao trilho após o desvio de gastos vultosos imposto pelo enfrentamento à crise do coronavírus.
“Não existe juro baixo com inflação baixa com fiscal descontrolado. Essas coisas não se falam”, disse.
O real deprecia 22,16% neste ano até dia 26 ante uma cesta de moedas, pior desempenho, em termos nominais, entre 60 taxas de câmbio calculadas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) e muito atrás do vice-lanterna, o rand sul-africano, que perde 16,46% no período.
POLÍTICA MONETÁRIA
Sobre a condução da política para os juros básicos, hoje em 3% ao ano, Campos Neto ressaltou que o entendimento do Comitê de Política Monetária (Copom) é de que a política monetária não está esgotada e que recorrer a outros instrumentos antes de exauri-la acaba criando prejuízo à credibilidade.
Ele reconheceu a existência de um lower bound –nível de juros abaixo do qual a política monetária perde eficácia para estimular a economia–, mas frisou que o BC não sabe exatamente qual é esse ponto, uma vez que seu cálculo depende de variáveis dinâmicas, como o quadro fiscal, a saída de recursos e a ocorrência ou não de crise política.
“Existe um lower bound? Nós entendemos que sim. Qual é o lower bound? É uma função de precificar esse risco relativo”, afirmou.
CRÉDITO
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“Realmente acho que a gente tem que acelerar”, afirmou.
Sobre o programa de financiamento à folha de pagamento, que tem tido baixa execução até agora, Campos Neto afirmou que ele vai sofrer ajustes que devem ser divulgados na semana que vem para ampliação de seu alcance, incluindo a expansão do faturamento das empresas elegíveis.
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