No documento, o BC também indicou que sua atuação leva em conta as expectativas mais baixas para a inflação neste ano e no próximo, destacando que o compromisso com a meta para o IPCA é seu objetivo número um.
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“A menos de avanços médicos no combate à pandemia, é plausível um cenário em que a retomada, além de mais gradual do que a considerada, seja caracterizada por idas e vindas”, completou.
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,75 ponto percentual, à nova mínima histórica de 3% ao ano, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em meio às preocupações com a atividade doméstica, e já indicando um novo ajuste de, no máximo, igual magnitude à frente. A mensagem foi repetida nesta terça-feira.
Este foi o sétimo corte consecutivo dos juros básicos e veio após redução de 0,5 ponto em março. A próxima reunião do Copom acontece em 16 e 17 de junho.
“Ele prefere atuar no sentido de ter mais certeza que a gente não vai pra ambiente de deflação, inflação próxima de zero. Não minimiza o risco fiscal, mas não o coloca como driver mais importante para as expectativas de inflação neste momento”, afirmou ela, que prevê mais um corte na Selic de 0,75 ponto em junho, com os juros básicos encerrando o ano em 2,25%.
“Eu não concordo com essa atitude, essa visão, mas vejo esse comportamento do BC. Prefere tomar o risco de ter que mudar mais tarde a sua postura, mas fazer tudo que for possível agora para ajudar na recuperação”, disse Solange.
“Recado é que há espaço para cortar juros, ele enfatiza que tem compromisso com meta e, como a inflação esperada está abaixo da meta pra 2021, há espaço”, disse ele, que também prevê nova redução de 0,75 ponto na próxima reunião do Copom.
Como de praxe, o BC não abriu suas estimativas para o PIB, o que só costuma fazer no Relatório Trimestral de Inflação, documento que sairá em junho. No RTI de março, a perspectiva ainda era de crescimento zero para o país em 2020.
Desta vez, o BC frisou que projeções apontam para uma recessão global com poucos precedentes históricos. No país, haverá um impacto desinflacionário sobre a economia em função do forte aumento do nível de ociosidade dos fatores de produção.
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Segundo a autoridade monetária, esse quadro ensejou um início de revisão para baixo das expectativas para a inflação para níveis não compatíveis com as metas, em particular para o horizonte relevante da política monetária, que abarca o ano de 2021.
Nesse sentido, o BC reafirmou seu compromisso com a meta para o IPCA estabelecida pelo governo, destacando que este “sempre foi e segue sendo o principal objetivo da política monetária”.
A publicação da ata era aguardada pelo mercado após o BC mudar de postura e passar a apontar, no comunicado, que sua decisão teve como pano de fundo a derrocada da economia.
Em março, quando a crise com o coronavírus começou a ganhar contornos mais sérios, o BC chegou a ponderar que relaxamentos monetários adicionais poderiam tornar-se contraproducentes se resultassem em aperto nas condições financeiras –comunicação que abandonou.
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LIMITE PARA JUROS
Na ata, o BC indicou que a maioria dos membros do Copom ponderou que há um limite efetivo mínimo para a Selic e que esse patamar seria mais alto em países emergentes, pela presença de um prêmio de risco. Isso acontece para o Brasil, dada sua relativa fragilidade fiscal e incertezas quanto à sua trajetória fiscal prospectiva, disse o BC.
“Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível onde reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos mercados financeiros e nos preços de ativos”, afirmou.
Em contrapartida, um membro do Copom argumentou que não haveria razão para a existência desse limite mínimo operacional, já que os tradicionais canais da política monetária continuariam operantes, sem descontinuidades, embora, possivelmente, com um aumento do efeito de variações da taxa de juros básica sobre os preços de ativos financeiros.
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