Ao sair do Palácio do Planalto, hoje (16), Bittar afirmou que Bolsonaro deu o sinal verde para a negociação e a criação de um novo programa para atender uma população que ficará desassistida com o fim do auxílio emergencial.
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Bittar não disse de onde sairiam os recursos para esse programa, apesar da fonte do dinheiro ter sido até agora o principal problema para financiar o Renda Brasil. Todas as alternativas analisadas pela equipe econômica, que mexiam em programas sociais já existentes, foram desconsideradas pelo presidente.
“Então assim, não adianta agora a gente especular do que vai tirar, onde que vai cortar, mas estou autorizado pelo presidente, ele me deu sinal verde. E, a partir de agora, vou conversar com os líderes do governo no Senado e na Câmara, conversar com a equipe econômica. Mas a semana que vem a ideia é apresentar um relatório que tenha as PECs e a criação desse programa”, explicou o relator.
Ontem (15), irritado com as informações de que a equipe econômica estudava congelamento de aposentadorias e cortes em programas direcionados a idosos e deficientes pobres para financiar o Renda Brasil, Bolsonaro afirmou que não se falaria mais no programa até 2022, seu último ano de governo. E repetiu que não tiraria recursos “de pobres para dar para paupérrimos”.
Após as reprimendas públicas do presidente, a ordem na equipe econômica é limitar a atuação nos estudos técnicos aos bastidores. Segundo uma fonte da pasta com conhecimento direto do assunto, a ideia segue sendo de que o novo Bolsa Família seja formatado no conceito de uma caixa vazia, a ser preenchida com recursos de outras políticas e programas.
Caberá ao Congresso, portanto, decidir se utiliza os recursos e o espaço no teto de gastos de uma determinada despesa para encher essa caixa –tarefa que deverá ser alinhavada pelo relator em conjunto com as lideranças.
O novo formato, que deixa nas mãos dos parlamentares a forma de fazer, já era aventado dentro do governo mesmo antes da decisão de Bolsonaro de enterrar o Renda Brasil. Uma fonte de alto escalão com trânsito junto ao presidente disse à Reuters que essa seria possivelmente a única forma de tirar o programa do papel, já que os parlamentares assumiriam a decisão do que e onde cortar.
“O que pode acontecer é você criar o programa, cria a rubrica e você pode esmiuçar mais na frente. Então você não precisa obrigatoriamente criar e dizer quanto é o valor, de onde vai sair, tudo num primeiro momento. Você cria a caixinha, vai ficar criado o programa”, afirmou.
A repórteres, Bittar também afirmou que, após o sinal verde de Bolsonaro, ele irá repassar todos os temas do novo programa com a equipe econômica e também conversar com líderes no Congresso.
“Agora eu vejo que há clima no Congresso”, frisou ele, classificando como irrefutável o argumento de que é preciso abraçar os quase 10 milhões de brasileiros invisíveis que não estavam no cadastro social do governo, mas que foram contemplados com o auxílio emergencial durante a pandemia.
Questionado se haveria clima também na equipe econômica após o episódio da véspera, o senador afirmou que há clima “total”, acrescentando que quem identificou os brasileiros invisíveis durante a crise foi o Executivo.
Havia já uma preocupação dentro do governo do reflexo que o fim do auxílio emergencial teria na popularidade do presidente. A queda no valor, de R$ 600 para R$ 300, e com critérios mais duros, já gerou muitas reclamações nas redes sociais de Bolsonaro.
“Você já teve um tombo de R$ 600 para R$ 300. Chegando em dezembro vai cair de R$ 300 para zero? Não dá. Vai ter gente passando fome”, disse a fonte.
Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. (Com Reuters)
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