Em um comunicado conjunto esta manhã, a LVMH e a Tiffany declararam o fim das hostilidades e anunciaram um novo preço de compra: US$ 131,5 por ação, em vez dos US$ 135 acordados anteriormente.
O novo acordo acaba com meses de discussão pública entre as gigantes depois que a LVMH anunciou sua intenção de “adiar” a operação em setembro, levando ambas as empresas a travarem uma amarga batalha no tribunal em Delaware, EUA.
Bernard Arnault, no comunicado de hoje (29), descreveu o novo acordo como “equilibrado”, permitindo à LVMH “trabalhar na aquisição da Tiffany com confiança”. Ele acrescentou, ainda, que o grupo está “convencido do incrível potencial da Tiffany e que acredita que a LVMH é a casa certa para a joalheria”.
O dilema dos dividendos
Três conjuntos de dividendos de US$ 70 milhões por trimestre, em um total de US$ 210 milhões, serão pagos pela Tiffany no momento em que o negócio for concluído. A decisão da norte-americana em meio à pandemia que afeta profundamente o setor de luxo foi considerada “decepcionante” pela LVMH e foi um grande obstáculo durante a negociação.
Roger N. Farah, presidente do Conselho de Administração da Tiffany, acrescentou que o acordo deu à LVMH um “preço atraente” e era do “interesse de todos os nossos acionistas para obter a certeza de fechamento”.
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A novela entre a LVMH e a Tiffany fez a pessoa mais rica da Europa ficar cara a cara com o joalheiro mais famoso dos Estados Unidos em um drama que atraiu a intervenção do governo francês e parecia destinado a uma batalha jurídica conturbada e muito cara nos tribunais.
Em novembro de 2019, a Tiffany e a LVMH concordaram em uma fusão de US$ 16,2 bilhões que faria com que a joalheria se unisse ao conglomerado de luxo. Bernard Arnault ficou famoso por chamar a Tiffany de um “ícone americano” que, sob sua liderança, “se tornaria um pouco mais francês”.
No entanto, quando a pandemia chegou, em março no ano seguinte, o cenário dos negócios de luxo mudou e a Tiffany viu muitas de suas lojas em todo o mundo serem fechadas.
A LVMH pareceu desistir de vez do negócio em setembro, depois que o gigante do luxo publicou uma carta do Ministério das Relações Exteriores da França pedindo o adiamento da negociação devido a uma disputa comercial entre o país e os EUA. A oposição política francesa não é mencionada no anúncio de hoje e não é o assunto da ação legal que a Tiffany levou aos tribunais para forçar a LVMH a honrar o acordo.
O foco da discussão entre os dois gigantes mudou quando a Tiffany decidiu pagar US$ 70 milhões por trimestre em dividendos a seus acionistas durante a pandemia. A medida foi descrita à Forbes por uma fonte da LVMH em setembro como “literalmente queimar dinheiro”.
A Tiffany retrucou, dizendo que, apesar da pandemia, permaneceu em uma posição financeira sólida, mantendo cerca de US $ 1,1 bilhão em reservas de caixa, de acordo com um recente registro junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.
Na última discussão no mês passado, a Tiffany respondeu diretamente ao bilionário francês Bernard Arnault e seu grupo LVMH. Em sua resposta final ao tribunal de Delaware contra a LVMH, ela descreveu essas reivindicações como “legal e factualmente infundadas” e acusou o bilionário de usar “todos os meios e oportunidades à sua disposição para garantir que a LVMH pague o menor preço possível pelos ativos que deseja”.
Agora, ao que tudo indica, a fusão deve ser concluída no início de 2021, ainda sujeita à aprovação dos acionistas da Tiffany.
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