A taxa de desemprego, no entanto, tende a aumentar nas próximas semanas. Isso porque a pesquisa considera desempregados apenas os que procuraram por trabalho, e não os chamados desalentados, trabalhadores que desistiram de procurar emprego. À medida em que mais pessoas busquem vagas, os números devem mudar.
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Renan Pieri, professor de economia da FGV-SP, enfatiza que o aumento do desemprego não deve ser visto como reflexo de piora da economia, mas sim da normalização. “Com alguma melhora nos números da doença, especialmente nos grandes centros, é esperada uma melhora na procura por trabalho, fazendo com que os números do desemprego aumentem”, diz o economista.
Para Consorte, o que explica a saída da força de trabalho é o auxílio emergencial, o medo de se expor à doença e a falta de confiança na economia. “Quando essas pessoas voltarem, a taxa vai ser maior do que o total dessa pesquisa”, completa Consorte.
Por outro lado, para Pieri, a fase mais aguda do desemprego passou, fazendo com que o comércio e os serviços aumentem ofertas de emprego. “As políticas públicas que surtiram efeito agora, como suspensão de contratos e redução de jornada, impediram que muitas empresas falissem ou demitissem funcionários”, aponta Pieri.
A PNAD COVID-19 também mostrou que os brasileiros afastados do trabalho devido ao distanciamento social totalizaram cerca de 2,7 milhões (ou 3,3% da população ocupada). Esse total segue em estabilidade quando comparado à semana anterior (2,8 milhões ou 3,4%) e caiu frente à semana de 3 a 9 de maio (16,6 milhões ou 19,8%).
Sobre ao cenário futuro, Pieri não acredita em uma volta rápida aos níveis anteriores de emprego. “Para isso é preciso que haja a vacina e políticas públicas para garantir distanciamento e segurança das pessoas. Aliado a isso, com a reforma tributária, a diminuição da burocracia e o controle da dívida pública podem alavancar a economia e aumentar o emprego”, conclui o economista. Para Consorte, em caso de possível piora econômica, é possível estender o auxílio emergencial. “Mas é preciso haver contrapartidas como corte de gastos, reforma administrativa e ajustes de salários de servidores”, completa.
Para Diana Gonzaga, professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenadora do Grupo de Pesquisas em Economia do Trabalho da UFBA (GeTrab), as medidas de natureza emergencial para o mercado de trabalho que tem sido adotadas pelo governo parecem cumprir os seus objetivos esperados, mas possuem um prazo de manutenção que, a princípio, será até o final do ano de 2020. “O Brasil já vinha apresentando taxas elevadas de desemprego e informalidade antes da pandemia, o que torna a tarefa de estimular o mercado de trabalho mais desafiadora”, disse a pesquisadora.
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