Conheça os planos de Ryan Smith, o bilionário que comprou o Utah Jazz

23 de dezembro de 2020
Reprodução/Forbes

Compra do Utah Jazz por Ryan Smith é oficial e bilionário promete novas tecnologias

Ryan Smith, cofundador da Qualtrics, empresa norte-americana de gestão, é agora, oficialmente, o proprietário do time de basquete Utah Jazz. E assim que assumir a franquia da NBA, ele vai contratar dois de seus colegas mais próximos da área de tecnologia.

Smith, de 42 anos, foi aprovado como o novo proprietário majoritário do Utah Jazz pelo “Conselho de Governadores”, ou seja, de patrocinadores da liga, fazendo do bilionário nascido em Utah o mais jovem dono de um time da liga. Mas, em uma reviravolta, Smith vai incluir seus aliados mais próximos da área de tecnologia no grupo que pagou US$ 1,66 bilhão por uma participação majoritária, disseram fontes em outubro, quando o negócio foi anunciado pela primeira vez. Os parceiros de Smith são o cofundador da Atlassian e bilionário de tecnologia, Mike Cannon-Brookes, 41 anos, e o investidor da Accel, Ryan Sweeney, 43.

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Em entrevistas exclusivas separadas para a Forbes, Smith, Sweeney e Cannon-Brookes detalharam como o grupo se formou: uma década de uma amizade ancorada em torno de uma crença no empreendedorismo de tecnologia fora do Vale do Silício e um amor compartilhado pelo basquete.

“Eu fiquei pensando como eu dirigiria um time se ele fosse uma empresa de tecnologia. E, seguindo meu histórico, eu costumo me aproximar das melhores pessoas”, diz Smith. “Não há motivos para eu seguir com isso sozinho.”

O primeiro coproprietário australiano da NBA

O contato de Smith com Sweeney, sócio da empresa de capital de risco Accel, era recente quando o investidor o conectou à Cannon-Brookes. A Accel tinha apoiado a Atlassian, a empresa de software empresarial de Cannon-Brookes, em 2010, o maior investimento individual da empresa numa área improvável da Austrália. Em 2012, Sweeney e a Accel estavam examinando uma empresa com características semelhantes às da Qualtrics, onde Smith também passou anos iniciando um negócio fora dos corredores tradicionais do capital de risco.

Em sua primeira ligação, Cannon-Brookes lembra que Smith enfrentou dificuldades para administrar uma empresa que vendia software de gerenciamento de projetos para outras empresas. “Você pode ganhar dinheiro fazendo isso?”, Cannon-Brookes lembra de Smith ter perguntado na época. Então Cannon-Brookes descobriu que Smith e a Qualtrics ofereciam pesquisas online. “Temos sido bons amigos desde então”, diz o australiano. Segundo avaliação da Forbes, o patrimônio de Mike Cannon-Brookes é de US$ 15 bilhões, enquanto a Atlassian é avaliada em US$ 60 bilhões.

Ele próprio é ex-jogador amador do time da escola e da empresa. Cannon-Brookes diz que cresceu assistindo “o jogo da semana” da NBA em videocassetes e destaques de jogos nos finais de semana. Também visitou Utah várias vezes e assistia aos jogos do Utah Jazz com Smith. Além de seu sucesso com os softwares da Atlassian, Cannon-Brookes pode abrir novas possibilidades para a NBA e para o time na Austrália como o primeiro coproprietário da liga no país.

“A indústria de tecnologia australiana se dá muito bem com a de Utah. Ryan e eu construímos negócios fora do Vale do Silício”, diz Cannon-Brookes. “Você tem que pensar diferente quando não tem esse ecossistema ao seu redor.”

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Investidores de longo prazo

Para completar o novo grupo acionário, Smith procurou Sweeney e dois sócios da Accel, Andrew Braccia e Rich Wong. Sweeney diz que estava enviando uma mensagem de texto para Smith um dia depois que a SAP anunciou a compra da Qualtrics e pouco antes de seu IPO, planejado para novembro de 2018. E Smith também permaneceu na Qualtrics desde então, agora atuando como seu presidente executivo com planos de desmembrar o negócio por meio de uma oferta pública de ações em 2021.

Sweeney, Smith e Cannon-Brookes se recusaram a fornecer a divisão exata do grupo no negócio, mas Smith é o proprietário majoritário do time, com os outros dois assumindo participações significativas, mas muito menores. Smith, como proprietário majoritário, tem autoridade final e fala com a NBA pelo grupo. “Ele não quer deixar ninguém para trás”, diz Sweeney.

Porta de entrada para Utah

Mas o que os fãs do Utah Jazz devem esperar desses novos proprietários? O grupo diz que é jovem, adora basquete e, acima de tudo, sua aposta é de longo prazo. Smith alega que, presumindo que o time não estivesse à venda, ele olharia para outros grupos de proprietários e franquias desesperados para fazer parte da NBA. “Eu fui duro em Minnesota e conversei com algumas outras pessoas. Gostei muito dessas equipes. Mas minha esposa me lembrou que somos fãs do Jazz, é esse time que nós e nossos filhos apoiamos”, diz Smith.

O grupo considera a posse da equipe uma “administração compartilhada” confiada a eles por Gail Miller e a família Miller – os ex-proprietários de longa data da equipe que manterão uma participação minoritária no negócio. A compra da equipe foi incomum nesse aspecto, já que a confiança e o compromisso com o estado de Utah eram tão importantes quanto os lucros, diz Smith.

“Eu nunca fiz uma transação desse tipo – e já fizemos muitas operações grandes – em que todo o processo tinha a ver com um terceiro. E o terceiro não é o comprador ou vendedor, mas o estado e a identidade de Utah”, diz Smith. “Portanto, quase não é um negócio.”

Smith revela que não tem planos de mudar o nome do time. Ele acredita que sua vivência na Qualtrics, que oferece software de “gestão de experiência” para medir o envolvimento de funcionários e clientes com marcas, pode ser útil para a liga conforme ela avança. Mas o executivo também enfatiza que o Jazz já tem uma forte liderança em Dennis Lindsey, o vice-presidente executivo de operações de basquete da equipe. E que ele não tem planos de se intrometer nas decisões ou na escalação.

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Smith conta que seu emprego em tempo integral continua sendo com a Qualtrics e Cannon-Brookes continua como coCEO da Atlassian. Ambos os negócios são muito maiores do que uma franquia da NBA em número de funcionários e receita. Para aqueles que questionam como alguns poucos homens na casa dos quarenta com empregos em tempo integral terão tempo para ser proprietários competentes, Cannon-Brookes diz que as mesmas perguntas foram feitas a ele e a Smith quando eram empresários de softwares pouco conhecidos há 20 anos. “Somos três caras muito competitivos”, diz Cannon-Brookes. “Não estamos aqui para tirar fotos.”

O objetivo mais ambicioso do grupo é construir uma franquia para o time ao lado da cena tecnológica de Utah, da qual Smith é um dos líderes. Para eles, mais talentos e empreendedores vão se desenvolver e se mudar para Utah nos próximos anos – e a franquia de esportes profissionais mais proeminente do estado deve seguir o mesmo caminho.

“Se há uma pessoa capaz de transformar o Jazz em uma grande equipe de mercado, essa pessoa é Ryan Smith”, diz Sweeney. “Ele não sabe fazer as coisas pela metade. Ele descobrirá uma maneira de aumentar o número de horas de um dia de 24 para 36.”

Smith diz que já recebeu ligações de outros proprietários e bilionários de tecnologia como Mark Cuban e Steve Ballmer. O conselho deles, segundo Smith, é consistente com o que ele já planejava fazer: ser ele mesmo. E isso significa trazer mais negócios – e diversão – para seu estado natal. Tudo flui junto, diz Smith. “O Jazz vai abrir oportunidades para meu estado. É a porta de entrada para Utah. Fim da história.”

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