A doação nunca vem vazia, ela transforma na medida em que unimos um ato de amor à oportunidade de trazer conhecimento e um novo olhar para a vida de outrem, por isso, substituo a palavra doar por investir, que é quando investimos em nossa sociedade, nas pessoas em nosso entorno e no mundo que estamos deixando para os nossos filhos, amigos e familiares.
No dia 1º, celebramos o Dia de Doar, e eu tive o prazer de falar sobre doação com alguém que dedica o seu ativo mais precioso, o tempo, ao investimento em outras pessoas, através da Fundação Amor Horizontal (@FundacaoAmorHorizontal): Caroline Celico. Abaixo, veja um resumo dessa conversa rica sobre o valor do investimento na sociedade, também conhecido como doação, e como passar esses valores para as crianças e, assim, impactar vidas através do exemplo.
O investidor social é aquele que investe em iniciativas responsáveis e que impactam o mundo. Esse investidor pode ser tanto uma pessoa física como uma pessoa jurídica, investindo no trabalho de instituições, como ONGs e iniciativas sociais. O investimento social vai muito além de deixar bens para os filhos e família, ele nos permite deixar algo para a sociedade: ensinamentos, consciência, mudança de comportamento e propósito.
Na Fundação Amor Horizontal, as doações são transformadas em kits de material escolar, em produtos de higiene e em muitas outras necessidades que dão às crianças e suas famílias dignidade para viver o presente, e possibilidades de sonhar no futuro. “Essas crianças que hoje recebem material escolar, remédios, colchões, produtos de higiene, roupas e mochilas novas são crianças que estão aprendendo que merecem mais. Não é apenas sobre dar oportunidades, mas sobre transformar os seus sonhos. Cada centavo investido em doação é triplicado na vida dessas crianças, poucos investimentos dão esse tipo de retorno”, explica Caroline.
O trabalho de acompanhar as crianças e adequar as doações de produtos às suas demandas é feito pela fundação, que atua, principalmente, na primeira infância, mas atende a crianças e adolescentes de todas as idades. Mas cada centavo investido vai além, já que as instituições que atuam diretamente com as crianças recebem também apoio e estrutura para acompanhar a evolução dos pequenos, fornecendo assim um suporte que os permita transformar suas realidades de dentro para fora. Da infância para toda a vida.
Como educar crianças para investir socialmente?
Não existe manual para a educação das crianças e, mesmo se existisse, não daria conta das individualidades de cada pequeno ser humano. Mas existem alguns comportamentos que podemos incentivar nos pequenos e, um deles, é transformar a ideia da doação como um ato de investir, em que os retornos são vultosos e colhidos em coletivo.
Para a educação financeira das crianças, recomendo que os pais autorresponsabilizem os pequenos pelas suas escolhas. Como? O primeiro passo é estipular uma mesada, que pode ser R$ 10. O ideal é que todos os pais possam retirar 2,5% do seu orçamento para essa educação financeira dos filhos, mas, caso não seja possível no momento, qualquer quantia é bem vinda, já que o importante é o aprendizado, e não a acumulação.
Neste processo, a criança também é ensinada sobre investir na sociedade, já que, desde pequena, automatiza as transferências para a plataforma de investimentos e para a entidade que deseja doar, como a Fundação Amor Horizontal.
Por que eu recomendo tudo isso? Porque assim nossas crianças começam a ter projetos de vida, ainda que curtos, e responsabilidade social. Se ela quer comprar um presente, terá de avaliar se tem dinheiro para isso. A importância dessa mudança de comportamento é ensinar aos pequenos que as coisas têm valor e precisam ser conquistadas, assim como investir é fundamental para os nossos projetos de longo prazo. Automatizando e autorresponsabilizando, criamos adultos que poderão transformar o mundo a sua volta.
Consumo consciente, investimento também
Neste sentido, algo muito importante é nunca reclamar do trabalho na frente das crianças. O trabalho não pode ser visto como algo penoso, feito somente por dinheiro, mas como uma fonte de prazer que torna possível conquistas e a mudanças na sociedade.
As famílias não estão sozinhas nessa jornada. As empresas já se conscientizaram sobre a importância de impactar o mundo de forma positiva, trabalhando e investindo em aspectos não tangíveis na sociedade. Em todo o mundo, mais de US$ 40 trilhões já estão alocados em ativos ESG (em português, Meio Ambiente, Social e Governança), mostrando que as empresas e os grandes investidores têm colocado, lado a lado, os seus propósitos com os investimentos, pois sabem que isso muda o mundo.
Francine Mendes é educadora financeira para mulheres, economista pela Universidade Federal de Santa Catarina, com mestrado em psicanálise do consumo pela Universidade Kennedy. Apresentadora do canal Mary Poupe, no YouTube, e comunicadora na RiCTV Record. Instagram: @francinemendes
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