Escassez global de chips atinge mineração do bitcoin na China

22 de janeiro de 2021
Suriyapong Koktong / GettyImages

No Brasil, a cripto era negociada acima dos R$ 179 mil na manhã desta sexta-feira

A escassez global de chips está limitando a produção de máquinas usadas para minerar bitcoin, setor dominado pela China, o que faz com que os preços dos equipamentos disparem à medida que o aumento do valor da criptomoeda impulsiona sua demanda. Negociado a cerca de US$ 32 mil hoje (22) no exterior, o bitcoin caiu 20% em relação às máximas recordes que atingiu há duas semanas, mas ainda sobe cerca de 700% em relação à mínima de US$ 3.850 em março de 2020. No Brasil, a cripto era negociada acima dos R$ 179 mil na manhã desta sexta-feira.

A mineração de bitcoins é observada de perto por investidores e usuários da maior criptomoeda do mundo, uma vez que a quantidade de bitcoins minerados e vendidos no mercado afeta a oferta e, consequentemente, o preço do BTC. A disputa está prejudicando mineradores menores e acelerando a consolidação da indústria.

LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações

“Não há chips suficientes para suportar a produção de plataformas de mineração”, disse Alex Ao, vice-presidente da Innosilicon, uma desenvolvedora de chips e fornecedora de equipamentos de mineração. Os mineradores de bitcoin usam equipamentos especialmente projetados para esta função e cada vez mais poderosos para validar as transações da criptomoeda em um processo que produz novos bitcoins.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing e a Samsung Electronics , uma das principais produtoras de chips especialmente projetados usados em plataformas de mineração, tem priorizado ainda o fornecimento a setores como eletrônicos de consumo, cuja demanda por chips é vista como mais estável, disse Ao.

A lucratividade da mineração depende do preço do bitcoin, do custo da eletricidade usada para alimentar o equipamento, da eficiência do equipamento e de quanto poder de computação é necessário para minerar um bitcoin.

A demanda por plataformas de mineração cresceu acompanhando a alta dos preços do bitcoin, disse Gordon Chen, cofundador da mineradora e gestora de criptoativos GMR. “Quando o preço do ouro sobe, você precisa de mais pás. Quando o preço do leite sobe, você quer mais vacas”, explica Chen.

Um gerente de vendas da Jiangsu Haifanxin Technology, empresa que comercializa plataformas de mineração, disse que os preços no mercado de segunda mão aumentaram entre 50% a 60% no ano passado, enquanto os preços dos novos equipamentos mais que dobraram. Máquinas de mineração de segunda mão foram cotadas em torno de US$ 5 mil. “É natural se você olhar o quanto o bitcoin subiu”, disse o gerente, que se identificou apenas pelo sobrenome Li.

Muitos dos maiores participantes do mercado de mineração estão fora da China, geralmente na América do Norte e no Oriente Médio, disse Wayne Zhao, diretor de operações da empresa de pesquisa de criptoativos, TokenInsight. “A China costumava ter baixos custos de eletricidade como uma vantagem principal, mas com o aumento do preço do bitcoin agora, isso acabou”, disse ele. Zhao ainda afirmou que, embora a mineração de bitcoin na China já tenha sido responsável por até 80% do total mundial, agora representa cerca de 50%.

A escassez global de chips está interrompendo a produção de uma série de produtos, incluindo automóveis, notebooks e celulares. (com Reuters)

Siga FORBES Brasil nas redes sociais:

Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn

Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão

Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.

Tenha também a Forbes no Google Notícias.