“Uma afirmação que pode ter muitas implicações”, escreveu a equipe do Credit Suisse em relatório no domingo, no qual apontou que eventual intervenção governamental no setor “pode aumentar a percepção de risco”, por levantar ecos de medidas do governo para reduzir tarifas em 2012 que impactaram empresas, principalmente estatais. “Consequentemente, o posicionamento deve levantar preocupações para o setor e especialmente para a Eletrobras”, acrescentaram.
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O Credit Suisse destacou que mudanças estatutárias na gestão do CEO Wilson Ferreira fortaleceram a empresa contra interferências, assim como a Lei das Estatais de 2016, mas ainda assim expressou alguma preocupação com a sucessão de Ferreira, que anunciou que deixará a companhia em março para assumir a BR Distribuidora.
“O potencial impacto de interferências políticas pode ser reduzido. Ainda assim, uma nova gestão não tão qualificada e não focada na lucratividade pode prejudicar novamente margens e deteriorar expectativas”, escreveram. “Além disso, os planos de privatização poderiam ficar sob risco, uma vez que poderiam implicar preços mais elevados da eletricidade à frente”, completaram.
Os analistas destacaram que o governo não pode alterar contratos no setor elétrico de maneira unilateral para reduzir tarifas, contudo, afirmaram que mesmo assim a incerteza após a fala de Bolsonaro deve impactar o setor. Eles também lembraram que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) discute o uso de mais de R$ 50 bilhões em créditos tributários para aliviar tarifas nos próximos anos, o que poderia ser uma medida para conter o avanço das contas de luz.
Uma proposta inicial do regulador propõe a devolução dos créditos em cinco anos, o que poderia aliviar tarifas em cerca de 5% ao ano, segundo a agência. Ela também divulgou uma projeção de que as tarifas de eletricidade podem aumentar em média 13% neste ano se não houverem medidas de alívio, como a discussão em andamento sobre os créditos tributários.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado (20) que vai “meter o dedo na energia elétrica”, um dia após ter anunciado a indicação de um novo presidente para a Petrobras, alegando que o setor “é outro problema também” para seu governo. (com Reuters)
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