Os principais fatores apontados para essa mudança estão relacionados à necessidade de ter um escritório em casa (31,8%), ao desejo de mais áreas verdes no entorno do imóvel (28,4%) e ao aumento da importância de um espaço de lazer em casa ou no condomínio (24,8%). Também foram citados motivos como a necessidade de um imóvel mais espaçoso (22,4%), maior independência (22,4%), adequação à nova realidade financeira (22,2%), maior importância às varandas e sacadas (21,7%), possibilidade de viver afastado dos grandes centros (21,1%) e necessidade de morar em um local com ampla cobertura de aplicativos de entrega (12%).
Do total de entrevistados – 1.500 em todas as regiões do país –, pouco mais de 83% continuaram morando no mesmo local. Dessa amostra, 11% declararam ter feito reformas durante a pandemia. Entre aqueles que se mudaram – 16,5% –, as principais razões foram a necessidade de economizar (18,5%), começar uma nova fase com o parceiro (16%) e ter mais espaço e conforto (14,5%). Morar mais perto do trabalho, por outro lado, foi motivo para apenas 3,6% das pessoas que se mudaram, enquanto os divórcios foram responsáveis por 5,6%.
“A pesquisa mostra que os efeitos da pandemia na relação das pessoas com suas casas são os mesmos em todas as regiões do país, o que sugere que não são mudanças passageiras e, de uma forma ou de outra, vão continuar influenciando a demanda e, portanto, o mercado imobiliário ainda por um bom tempo”, diz Julio Calil, diretor de contas da Offerwise.
MORADIAS DO FUTURO
Para o Projeto Moradia no Mundo Pós Pandemia, lançado no início de setembro como um think tank da habitação, a crise sanitária definitivamente contribuiu para acelerar mudanças de hábitos de consumo e de comportamento no mercado imobiliário. As empresas precisarão reinventar produtos e serviços para atender um novo consumidor que nasceu junto com a pandemia.
A economia do compartilhamento aplicada à moradia é uma realidade crescente entre os jovens. Segundo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (IPESPE) em agosto deste ano, 80% dos jovens entre 16 e 24 anos já admitem não se importarem com a compra de um imóvel. Mais de 50% das pessoas acima de 60 anos também dizem querer ter mais liberdade para morar. “Diferente de gerações anteriores, lares não são mais os mesmos investimentos sentimentais que costumavam ser”, disse Shawn Amsler, professor e especialista em mercado imobiliário da Faculdade de Columbia que participou da iniciativa.
A Housi é uma das empresas que oferece o serviço por assinatura por meio de uma plataforma digital. Em meados de dezembro, a empresa – que até então atuava em São Paulo, onde um terço da população vive de aluguel, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Goiânia e João Pessoa – expandiu sua atuação para o Rio de Janeiro. Na época, o valor de mercado dos imóveis geridos pela empresa chegava a R$ 10 bilhões.
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Por fim, o projeto aposta no coliving, uma vez que a falta de espaços físicos nas grandes cidades já é uma realidade. Como alternativa, surge uma tendência que pretende derrubar, além de paredes, os ideais de individualização e desperdício. O movimento estimula a integração, a sustentabilidade e a colaboração entre os indivíduos. Apesar de ser bastante comum na Europa e nos Estados Unidos, os colivings desembarcaram no Brasil há menos de cinco anos e ainda não decolaram. Por conta da pandemia, estima-se que existirá uma aceleração neste tipo de empreendimento.
Uma exceção é a Yuca, fundada em 2019 por três sócios, que conta com 300 quartos (operacionais e em fase de operacionalização) para locação em diferentes áreas de São Paulo como Pinheiros, Jardins, Bela Vista e Consolação. Os quartos individuais em apartamentos compartilhados são 100% mobiliados e decorados e contam com líderes de comunidade, pessoas que garantem a gestão dos espaços alocados, fornecendo conteúdo e apoio para garantir uma boa convivência entre os locatários e habitantes dos edifícios em que vivem. Segundo a propetch, o modelo de moradia chega a ser 50% mais barato do que morar sozinho nesses bairros.
EMPREGO X MORADIA
O grau de interferência da pandemia na vida das pessoas também foi revelado pelo estudo: 27,2% dos entrevistados alegaram mudanças drásticas na renda, 26% nos horários e atividades e 21,3% na dinâmica familiar. Apenas 12,9% não reportaram alterações econômicas.
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