A proposta pode até parecer algo já conhecido pelo público, mas o diferencial está nos detalhes. Ao vivo e sem nenhum apelo visual, a ferramenta possibilita que diversas pessoas conversem e debatam um determinado assunto sem preocupação com edições, imagens ou tempo. De certa forma, é quase um podcast espontâneo.
Nos Estados Unidos, a novidade também explodiu recentemente, principalmente com uma divulgação espontânea de Elon Musk. No início de fevereiro, o fundador da Tesla usou a ferramenta para entrevistar Vlad Tenev, CEO do aplicativo de investimento Robinhood. Assistida por mais de 120 mil pessoas, a conversa deu o destaque necessário para que o Clubhouse acelerasse sua popularidade. Em janeiro deste ano, o valor de mercado da startup já mostrava um cenário positivo, tendo disparado para US$ 1 bilhão após a segunda rodada de investimento comandado pela Andreessen Horowitz. Na ocasião, o aplicativo já somava mais de dois milhões de usuários. Atualmente, especialistas estimam que esse número tenha chegado a seis milhões.
Após o “boom” inicial, celebridades como Drake, Oprah e Ashton Kutcher adotaram a plataforma e ajudaram ainda mais na disseminação. No Brasil, empreendedores e influenciadores já tomaram conta do aplicativo. A Forbes Brasil já fez sua primeira aparição na plataforma com o evento Forbes Power Breakfast – Como Investir em Ações, que aconteceu na manhã de hoje (8), às 8h30.
Com a moderação do CEO da Forbes no Brasil, Antonio Camarotti, e a presença dos speakers Florian Bartunek, sócio-fundador e CIO da Constellation Investimentos, Claudia Ramenzoni, head da RB Investimentos, João Pedro Motta, empreendedor e Under 30 e Pablo Marçal, consultor empresarial, o bate-papo de uma hora rendeu diversas dicas e análises do mercado financeiro atual. “Hoje em dia se discutem coisas fascinantes no mercado”, disse Bartunek para os mais de 1.500 ouvintes da sala. Para ele, a inovação tem sido a tendência do setor, que se afastou um pouco dos tradicionais bancos e commodities para investir em novas empresas e ideias – como o próprio Clubhouse.
Mas como funciona o Clubhouse?
Por enquanto disponível apenas para iOS, o Clubhouse funciona de forma fiduciária, ou seja, é preciso ter um convite para entrar. Cada novo usuário tem o direito de convidar duas pessoas para a plataforma. No entanto, também é possível reservar um nome oficial e entrar em uma fila de espera, em que outras pessoas podem aprovar seu ingresso.
Ao entrar no aplicativo, o usuário marca uma lista de interesses temáticos, o que vai ajudar o algoritmo a entregar uma homepage mais conectada com seus gostos. A partir do reconhecimento inicial, o app mostra várias opções de salas de bate-papo –que estão acontecendo ao vivo–, geralmente com várias pessoas falando. Não há nenhuma imagem, caixa de comentário ou espaço para curtidas.
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Para Tiago Alves, CEO da Regus no Brasil, a ferramenta tem a capacidade de revolucionar a comunicação online, atualmente tão pautada em apelo visual. “O Clubhouse favorece o ecossistema, não o egossistema” destaca. “Quem entrar no aplicativo e ficar palestrando sozinho sem se preocupar com os ouvintes vai perder audiência. As salas que mais tem adesão são as que têm muitos speakers.”
Com intenso poder de comunidade, o aplicativo também é enxergado dessa forma por Gomes, que o compara com uma ágora da Grécia Antiga. “O povo e os intelectuais se reuniam para discutir temas em comum na praça, todos horizontalizados. No Clubhouse, também não tem discrepância de quem pode ou não falar. Todos têm direito de opinar”, explica o empreendedor, ressaltando a importância de um debate saudável, sem discursos de ódio.
Sobre esse ambiente de segurança, Arthur Igreja, TEDx speaker e especialista em tecnologia e inovação, alerta para o risco de golpes fora da plataforma. “Por ser um aplicativo tão exclusivo, muitas pessoas já estão se movimentando nas redes sociais pedindo convites. Com isso, há a possibilidade de golpes por SMS ou Whatsapp fingindo uma possível aprovação na plataforma”, explica.
Além disso, Igreja ressalta a utopia presente nessa case de rede exclusiva para convidados. “Você só consegue ter esse controle se o número de usuários for pequeno. O próprio Facebook começou nesse sistema de convites, até se expandir para o que é hoje em dia”. Para ele, essa explosão de novos usuários pode estremecer a promessa de privacidade presente no aplicativo. “O conteúdo não fica arquivado, mas as pessoas podem gravar e vazar informações”, destaca. Com um potencial inegável, o especialista apenas busca ressaltar que a rede não é tão restrita quanto parece no momento.
Até agora, o Clubhouse está organizado e focado apenas no conteúdo, uma proposta com grande potencial de mercado. Para Alves, é a chance perfeita para que influenciadores transformem sua imagem e tenham chance de monetizar a ferramenta através da boa comunicação. “No Clubhouse, o cara tem que ser bom mesmo. Não adianta uma foto bonita”, finaliza.
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