Banco Central reduz projeção do PIB para 3,6% e vê superávit nas contas externas em 2021

25 de março de 2021
Flicker/Divulgação

Documento também indicou crescimento do crédito de 8% este ano, e manteve diagnóstico de política monetária

O Banco Central reduziu sua projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) este ano para 3,6%, ante alta de 3,8% projetada em dezembro, mostrou o mais recente Relatório Trimestral de Inflação da autarquia, divulgado hoje (25).

No documento, o BC disse que a estimativa reflete, de um lado, o carregamento estatístico para o PIB anual maior do que o esperado e a manutenção da atividade econômica em nível elevado no início deste ano e, de outro, o recrudescimento recente da pandemia.

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“Em termos de trajetória, a projeção para o PIB é de recuo moderado ao longo do primeiro semestre, seguido de recuperação relevante nos últimos dois trimestres do ano, decorrente da redução esperada na taxa de letalidade da Covid-19 e no número de internações, com o avanço da vacinação”, diz o relatório.

Projeção de superávit

O BC passou a projetar um superávit nas transações correntes do país em 2021 de US$ 2 bilhões, o equivalente a 0,2% do PIB, no que seria o primeiro resultado positivo das contas externas desde 2007, mostrou o Relatório Trimestral. A projeção anterior, de dezembro, era de um déficit de US$ 19 bilhões e a revisão refletiu uma melhora na estimativa para a balança comercial.

A expectativa do BC é que a balança comercial feche este ano com superávit de US$ 70 bilhões, ante US$ 53 bilhões estimados antes, com as exportações chegando a US$ 256 bilhões, valor que se equipara ao recorde da série histórica registrado em 2011.

“Apesar de terem começado o ano em nível deprimido, espera-se que as exportações aumentem a partir de março, impulsionadas pelo escoamento da boa safra de soja, pelo patamar elevado para preços de commodities e pela recuperação da demanda internacional”, diz o documento do BC.

A projeção para o investimento estrangeiro direto no país foi mantida em US$ 60 bilhões para o ano. Segundo o BC, as surpresas positivas nas entradas de empréstimos intercompanhia no início do ano compensam a perspectiva de recuperação mais lenta da conta de participação de capital.

Crescimento do crédito

O BC também projetou um crescimento do crédito no país de 8,0% este ano, ante projeção de 7,8% feita em dezembro. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 11,5% em 2021, contra expectativa anterior de 10,6%. Para as empresas, a alta foi calculada em 3,4%, ante 4,2% no último relatório.

Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC manteve a projeção de uma expansão de 11,1%. Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 3,7% (ante alta de 3,3% anteriormente).

Política monetária

No que diz respeito à política monetária, o documento repetiu diagnóstico feito na ata do Comitê de Política Monetária, divulgada na última terça-feira (23).

Na semana passada, o BC elevou a taxa básica de juros pela primeira vez desde 2015, em 0,75%, e indicou que deve promover nova alta desse mesmo valor em maio, ressaltando preocupações com a piora das projeções para a inflação.

Taxa de câmbio

Quanto à taxa de câmbio brasileira, o BC avalia que a maior volatilidade observada desde o final do primeiro bimestre de 2020 deve-se a fatores domésticos e externos, mas o entendimento é que o diferencial de juros tem um peso relativamente pequeno no fenômeno.

No relatório divulgado hoje (25), o BC destacou que os aumentos na volatilidade cambial “contribuem para maior incerteza macroeconômica, prejudicando a formação de expectativas dos agentes econômicos em relação ao futuro da economia e à condução apropriada de políticas públicas”.

“Um câmbio volátil desincentiva investimentos externos e prejudica importadores e exportadores ao dificultar o planejamento dos agentes econômicos”, afirma o documento.

Entre os fatores correlacionados à volatilidade, o exercício feito pelo BC conclui que alguns dos mais relevantes são o expressivo aumento de negócios de minicontratos de dólar no país, a maior volatilidade cambial observada em países emergentes e o aumento do índice de volatilidade baseado em opções sobre ações do índice S&P 500, dos EUA.

No caso do diferencial de juros (diferença entre a taxa básica de juros praticada no país e a média dos juros nas principais economias), o BC nota que, no período observado, a relação caiu 0,32%, o que deveria gerar um aumento de apenas 0,13% na volatilidade, “entretanto, nesse período, a volatilidade do câmbio aumentou 9,77%, de 10,98% para 20,75%”, diz o BC. (com Reuters)

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