Mercado espera que empresas consolidem recuperação no primeiro trimestre

28 de abril de 2021
Getty Images

Expectativas quanto aos balanços estão baseadas em dados de atividade de janeiro a março, como emprego e arrecadação, apesar da falta de estímulos

Analistas de mercado apostam que as companhias listadas na B3 tragam lucros consideráveis em suas divulgações do primeiro trimestre, reforçando a trajetória de recuperação econômica, apesar da piora no quadro geral da pandemia e dos ruídos em torno da política fiscal brasileira. A tese é baseada na campanha de vacinação contra a Covid-19 e na expectativa de manutenção das reaberturas, além dos dados positivos de emprego e arrecadação federal divulgados no trimestre.

Apesar do clima majoritariamente otimista, que aposta na capacidade de resiliência das empresas para se adaptar às tendências após um ano de pandemia, as análises pontuam que os riscos ainda pesam. A elevação dos custos, em um período de alta inflação, e as incertezas políticas, com destaque para a falta do auxílio emergencial entre janeiro e março, pressionaram a melhora no período.

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Após o fechamento de hoje (28), a CSN e sua subsidiária, a CSN Mineração, apresentam seus resultados do primeiro trimestre, assim como Multiplan. Amanhã (29), os destaques da agenda de balanços são Embraer, Gol, Unidas e Fleury. Na próxima semana, a atenção vai especialmente para Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, GPA e Ambev.

Veja o que dizem os analistas:

Banco Inter

A equipe de análise do Banco Inter, liderada pela economista-chefe Rafaela Vitória, ressalta a expansão do mercado de capitais como uma surpresa positiva nos primeiros três meses de 2021. “Os bons dados do mercado de capitais sinalizam que a retomada do crescimento econômico, principalmente pelo lado do investimento, pode acelerar em breve.”

A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) registrou 22 novas ofertas no primeiro trimestre, entre IPOs e follow-ons, totalizando R$ 33 bilhões.

Apesar de defender que a recuperação irá se sobrepor à turbulência do período, o Inter ressalta que alguns fatores de risco permanecerão no radar, entre eles as possíveis elevações de custos, como resultado de uma maior inflação no período, “principalmente nas matérias primas em setores como construção e indústria”. Os analistas do Inter também pontuam que a elevação dos juros pode levar a maiores despesas financeiras, mas que a comparação anual deve permanecer favorável.

O banco alerta ainda que, assim como há diferenças nos impactos da pandemia sobre cada setor, o ritmo de recuperação também trará desigualdades. “Lembramos que a pandemia afetou setores diversos da economia de maneira diferente e a recuperação ocorre da mesma maneira. Entretanto, ressaltamos a possibilidade de números superando as expectativas, tendo em vista o trabalho interno efetuado pelas empresas ao longo de 2020, limpando balanços, reduzindo custos e despesas, permitindo uma retomada ainda mais sólida em termos de demanda, bem como maior rentabilidade via ganhos de margens.”

Entre os setores destacados, o Inter elenca varejo e consumo, com expectativa de manter os fortes resultados dos últimos trimestres. Já de olho no segundo trimestre, o Inter destaca que dados antecedentes de confiança do consumidor e dos empresários apontam para uma retração, trazendo ajustes nas expectativas das empresas.

Ativa Investimentos

Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, pondera que, com a piora da pandemia entre o último trimestre de 2020 e o primeiro de 2021, a temporada de resultados atual será importante para avaliar o comportamento das empresas na segunda onda da pandemia no país.

Serra ressalta que o setor de supermercados deve se sair bem em função, principalmente, das vendas realizadas enquanto o comércio e restaurantes fechavam para atender a restrições de mobilidade. “As pessoas estão consumindo mais em casa, então é um setor que enxergamos com boas perspectivas.” Por outro lado, o analista aponta o setor de educação e as geradoras de energia entre as empresas que não devem trazer bons números no primeiro trimestre.

XP Investimentos

Analistas da XP Investimentos projetam que, após um recuo nos lucros em 2020, os resultados voltem a subir no primeiro trimestre “Em contrapartida, o avanço da vacinação em massa deve permitir uma retomada no semestre seguinte – os nossos modelos indicam que os principais grupos de risco, como idosos e profissionais da saúde, deverão estar imunizados contra a Covid-19 até meados de junho.”

A XP ainda pontua a pressão por maiores gastos no governo como um contraponto, apesar da resolução do impasse acerca do orçamento para 2021. Entre os setores, a análise da XP vê os supermercados com bons resultados no trimestre, assim como as farmácias, apesar da ausência do auxílio emergencial entre janeiro e março de 2021.

Quanto ao setor bancário, a XP chama atenção para as menores provisões, comparadas ao ano passado, e que devem impulsionar os resultados. “Para a maioria dos bancos, esperamos que os lucros cheguem aos níveis de 2018 ou 2019, embora ainda menos rentáveis à medida que o capital aumentou devido ao limite de payout (percentagem do lucro pago em dividendos) do Banco Central”, diz a XP Investimentos, que destaca Bradesco e Itaú com estimativas de lucros maiores, e Banrisul e Santander com desempenho inferior.

O banco espanhol apresentou resultados hoje (28), antes da abertura do mercado, e contrariou a projeção, registrando lucro gerencial recorde de R$ 4 bilhões, e um recuo no lucro societário de 27% na comparação trimestral, a R$ 2,816 bilhões.

Os analistas também acreditam que o setor de commodities vá trazer bons resultados devido à robusta demanda da China e dos Estados Unidos. A forte recuperação desses países puxou os preços do minério de ferro, com aumento de 25% na comparação trimestral; da celulose de fibra curta, que subiu 33%; e do petróleo, com o preço médio do tipo Brent subindo 20% entre os trimestres.

Para a XP, o resultado da Petrobras, esperado para o dia 13 de maio, deve refletir esse aumento de preços, apesar de também trazer “uma média de desconto para a paridade de importação de -9,5% no diesel e -10,5% na gasolina”.

A Vale, que divulgou resultados na última segunda-feira, confirmou as expectativas otimistas, com aumento de 2.220% no lucro líquido em comparação ao mesmo período de 2020.

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