Aposta em educação financeira cresce no Brasil; conheça 15 escolas que abraçaram o tema
Artur Nicoceli
27 de maio de 2021
Thitiwat Junkasemkullanunt EyeEm / GettyImages
Na rede pública, o Banco Central e o MEC estruturam iniciativas para incluir a educação financeira no dia a dia das escolas brasileiras
A demanda por educação financeira já é uma realidade nas escolas brasileiras, do ensino público ao privado as iniciativas estão em alta e acompanham a procura das famílias por uma grade curricular que vá além das disciplinas tradicionais na educação básica. Ontem (26), por exemplo, o Banco Central anunciou em seu perfil no Twitter o lançamento na próxima semana do programa Aprenda Valor, com o objetivo de oferecer às escolas base teórica para inserir as finanças nas aulas tradicionais.
Nas aulas do professor José Eduardo Colle, que ministra a disciplina de matemática avançada com foco em conceitos da economia e da administração no Colégio Pentágono, em São Paulo, os alunos realizam análises sobre empresas e estratégias adotadas por essas companhias frente a problemas econômicos e de gestão. “Eu ensino a agrupar dados para a construção de tabelas e cálculos, que culminam em diversas interpretações e, consequentemente, tomadas de decisões. (Eu) procuro deixar as aulas bem dinâmicas e didáticas, o que faz com que os alunos gostem”, conta o educador com exclusividade à Forbes. Em 2018, o CNE (Conselho Nacional da Educação) aprovou a inclusão da educação financeira na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), referência para a elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas.
O coordenador de Matemática do colégio Dante Alighieri, Milton Sgambatti, acredita que o segredo para introduzir a educação financeira na vida de crianças e adolescentes é humanizar o tema. “No colégio, ensinamos a lidar com dívidas, juros, investimentos e poupanças. O letramento financeiro é extremamente importante. Criamos problemas que provavelmente nossos alunos vão sofrer e desenvolvemos soluções em cima, por exemplo: eles devem comprar um carro para ir à universidade ou é melhor juntar e investir na Bolsa”, explica.
A escritora de livros infantis voltados às finanças, Ana Pregardier, acredita que além do papel da escola como mediadora da educação financeira, os pais não podem relegar o assunto apenas ao ambiente escolar. “O objetivo familiar não é deixar na mão das instituições. Eles precisam estar ao lado das crianças e jovens, demonstrando que finanças não é só dinheiro ou juros, mas uma solução amigável e fácil de resolver as coisas”, explica. “Precisamos ensinar para que os filhos não se tornem adultos que gastam compulsivamente e não conseguem economizar.”
Em âmbito nacional, o MEC (Ministério da Educação) trabalha em uma iniciativa com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para disseminar a educação financeira nas escolas brasileiras. A proposta é capacitar 500 mil professores em três anos através de cursos EAD com carga horária de 40 horas para levar educação financeira às salas de aula. O acordo, no entanto, ainda está em elaboração entre a pasta e a autarquia.
A Forbes listou 15 instituições que oferecem aulas sobre educação financeira. Apresentadas em diferentes formatos e sem custo adicional aos pais, as disciplinas estão disponíveis, por enquanto, apenas em escolas particulares para alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. As iniciativas do Banco Central e MEC devem se juntar ao leque já ofertado na rede privada e consolidar a educação financeira como parte da formação de uma nova geração de brasileiros.