Sabemos que, mesmo quando a mudança é uma decisão pessoal, ela não é fácil. Mais difícil ainda é quando somos forçados a mudar pela decisão de outras pessoas. O fim de um casamento pode ser um exemplo disso.
Nos últimos 20 anos, o percentual de divórcios de homens de mais de 50 anos subiu 49% e o de mulheres, 66%. Segundo o IBGE, em 1999, apenas 12% das mulheres e 19% dos homens que se separavam tinham mais de 50 anos. Em 2018, esses números já representavam 28,69% para homens e 21,05% para mulheres dessa faixa etária.
Normalmente, a paixão leva um casal a decidir viver junto, mas a vida a dois requer mais do que paixão. Os desafios provocam os divórcios precoces. Superada a barreira inicial do casamento, existe uma queda das separações quando chega a fase em que a maioria dos casais se dedica à criação dos filhos.
Vencido o desafio da maternidade e da paternidade, muitos casais passam a sofrer o que os psicólogos chamam de “síndrome do ninho vazio”. É quando a tarefa hercúlea de criação dos filhos dá uma trégua. Em um passado recente, poucas pessoas se separavam nessa fase. E o que contribuía para isso era a dependência financeira das mulheres e a pequena expectativa de vida saudável dos cônjuges.
Por um lado, com o aumento da longevidade e os avanços da medicina, homens e mulheres têm faculdades mentais, corpos saudáveis e vida sexual ativa por mais tempo. Por outro lado, se o relacionamento a dois não vai bem, muitos casais grisalhos acabam decidindo que não vale a pena manter um casamento que perdeu o brilho de outrora.
Quando se trata de uma decisão consensual, é mais fácil preservar relações que são importantes para o casal e para os filhos. Quando a separação não é da vontade de ambos os cônjuges, tudo se torna bem mais difícil.
Outro ponto que frequentemente ocorre é a dificuldade de divisão dos bens materiais. Algumas vezes, o cônjuge que se sente abandonado usa o dinheiro como último campo de batalha, e o custo financeiro de uma briga judicial pode destruir patrimônios duramente construídos ao longo da união, ora desfeita.
Como nos contos de fadas, os casais sonham com a convivência romântica até que a morte os separe. Porém, o longo horizonte de vida saudável, a independência financeira das mulheres e os avanços da medicina tornam mais difícil a realização desse sonho.
Gosto muito da história de um casal que resolveu comemorar os 30 anos de união indo ao mesmo hotel onde tinha passado a lua de mel. Tudo parecia perfeito. No quarto, os dois puderam observar os mesmos cuidados de 30 anos antes. O restaurante continuava maravilhoso, o café da manhã continuava delicioso, até o som do bar continuava divino.
Ao sair, o casal chamou o gerente geral para dar os parabéns e perguntou como era possível manter o hotel igual ao que era há três décadas. O gerente desolado respondeu: “Como assim? Nunca ficamos um mês sequer sem mudar. Nem de longe somos o que éramos há 30 anos.”
Talvez, seja esse o segredo para manter um casamento por uma vida: os dois lados devem mudar todos os dias. E a mudança contínua pode tornar tudo tão belo e funcional que vai parecer que nada mudou.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Tenha também a Forbes no Google Notícias.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.