Vender em maio? Primeira semana do mês foi de compras no Ibovespa

10 de maio de 2021
Getty Images

O velho ditado do mercado financeiro “sell in May and go away” não tem sido realidade no Brasil há quatro anos

A antiga expressão do mercado financeiro “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, em inglês) assombra os investidores todos os anos, especialmente nos Estados Unidos – e, claro, com reflexos no Brasil. O ditado, que prega que as pessoas devem se desfazer de suas ações em maio, às vésperas do verão norte-americanos, e voltar às compras somente em outubro, vem da crença antiga de que o mercado de renda variável costuma ser mais forte e rentável entre os meses de novembro e abril. Mas o mês de maio não é igual todos os anos, alertam especialistas.

Em 2020, por exemplo, maio foi o segundo mês da pandemia de Covid-19, e o Ibovespa fechou em terreno positivo, ao se recuperar das quedas nos dois meses antecedentes. Neste ano, até o dia 6 de maio, o saldo de investidores estrangeiros na B3 era positivo em R$ 878,2 milhões. No mês de abril, o saldo final foi de R$ 7,02 bilhões.

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A gestora de renda variável da EQI Asset Management, Aline Cardoso, conta que a expressão vem da década de 1930: “maio é quando começa o período das férias de verão no hemisfério norte, então era quando os investidores costumavam se desfazer de suas ações por não conseguirem acompanhar o mercado tão de perto.”

Segundo a gestora, a prática de vender em maio ainda é vista atualmente, mas pondera que não é uma regra. “Desde 1995 até 2020, o Ibovespa caiu 17 vezes em maio, contra 9 altas. Mas, nos últimos quatro anos, só tivemos altas no mês.”

O mês de maio de 2021 vem sendo visto por analistas como parte do período de recuperação dos mercados globais, com a vacinação em andamento, principalmente nas economias desenvolvidas. Para Aline, a primeira semana do mês, que foi bastante carregada, ainda não dá uma direção clara do que podemos ter ao fim, mas a gestora já adianta que existem fortes motivações para ambos os lados.

“Existe um otimismo com a Bolsa no geral para este ano, com avanço da vacinação e as reaberturas. Muitos setores ainda não recuperaram o preço pré-covid, antes de março de 2020, então pode haver uma recuperação nesse sentido. Por outro lado, as commodities subiram demais e podem desacelerar o ritmo, e apontar para uma realização.”

Aline traça um paralelo com o mercado norte-americano: “O S&P 500 sobe cerca de 12% neste ano e podemos ver um movimento de realização, com risco de inflação alta nos EUA, abertura dos juros longos. O ISM mensal, pesquisa de atividade feita em empresas, bateu o número mais alto em 37 anos em março; abril veio mais baixo. Quando o ISM faz pico, sinaliza realização nos meses seguintes. A maior questão é que ainda não se sabe se está no pico, por haver gargalos na oferta, sem perspectivas de quando irá melhorar.”

A especialista completa defendendo que o relatório de empregos norte-americano, o Payroll, de abril, trouxe dados extremamente inesperados na última sexta-feira (7), o que corrobora para a incerteza de maio.

Por aqui, o Ibovespa fechou a primeira semana de maio com alta de 2,64%, a 122.038 pontos, e acumula ganhos de 2,5% no ano. A gestora aponta para a previsão do principal índice da B3 fechar 2021 aos 135 mil pontos.

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