Como uma mudança dos juros nos EUA pode impactar a economia brasileira
Mariangela Castro
25 de junho de 2021
John Lamparski/GettyImages
O Federal Reserve equivale ao Banco Central do Brasil e é responsável pela definição dos juros básicos norte-americanos
Ao se aproximar da vacinação completa contra a Covid-19 em metade da população, os Estados Unidos vislumbram também o fim da pandemia e a normalização da atividade econômica. O país atravessou a crise com forte estímulo financeiro às famílias e empresas no país, não por acaso o seu PIB no primeiro trimestre deste ano traz crescimento de 6,4% na comparação anual.
Mas a expansão da economia dos EUA vem acompanhada também de problemas, como escassez de algumas matérias primas para a indústria e falta de mão de obra no mercado de trabalho, contexto que, ao lado de outros fatores, favorece o crescimento da inflação.
O objetivo de inflação média do Fed (Federal Reserve System), órgão equivalente ao Banco Central do Brasil, é de 2% ao ano para 2021. Porém, apenas em maio, os preços ao consumidor cresceram 0,6%, acumulando alta de 5% em 12 meses no país. Ainda assim, em sua última reunião, o Fed decidiu em sua reunião deste mês manter as taxas de juros na faixa de 0% a 0,25%.
A taxa de juros é um dos principais instrumentos monetários para controle da inflação. Para justificar uma taxa de juros inalterada no país, o principal argumento do Fed e da administração Joe Biden é que os aumentos nos preços são transitórios e esperados em toda reabertura da economia.
O Goldman Sachs projeta que o Fed terá mais surpresas com a inflação. “Prevemos que o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal suba 3,7% este ano”, diz o relatório. Número bastante acima do intervalo de 2% a 2,3% projetado oficialmente.
Rachel de Sá, economista-chefe da corretora de investimentos Rico, aponta que o debate da inflação nos EUA é um dos assuntos que mais divide especialistas. Ela explica que, além da taxa de juros, o país também controla a alta nos preços através de estímulos monetários.
Tradicionalmente, quando a intenção é movimentar a economia, o governo norte-americano tende a aprovar pacotes de estímulos para incentivar o consumo e os investimentos pelas empresas. Especialistas, no entanto, temem que estes gastos pressionem ainda mais a inflação em 2021.
“Existe o medo de que a economia possa superaquecer e, quando sair do controle, não seja possível segurar”, explica Rachel.
Em ambos os casos, a postura do Fed e as mudanças nos juros norte-americanos têm o poder de afetar investimentos aqui no Brasil. Entenda o porquê na galeria abaixo: