Em seu primeiro dia na Nasdaq, fintech Marqeta faz novo bilionário

10 de junho de 2021
Reprodução/Forbes

O fundador e CEO da Marqeta, Jason Gardner, agora vale US$ 1,6 bilhão

As ações da Marqeta, uma fintech que ajuda empresas a emitir cartões de débito e processar pagamentos, estrearam ontem (9) na Nasdaq, atingindo US$ 31 à tarde – o que dá à empresa uma capitalização de mercado de US$ 16,6 bilhões e ao fundador e CEO Jason Gardner um patrimônio líquido de US$ 1,6 bilhão, segundo cálculos da Forbes. Em sua última rodada de financiamento privado, em maio de 2020, a empresa foi avaliada em apenas US$ 4,3 bilhões. Mas a companhia, nomeada para a Forbes Fintech 50 em 2019, 2020 e 2021, foi uma clara vencedora da pandemia.

“Eu nunca pensei que queria ser um CEO de empresa de capital aberto”, diz Gardner, em ligação para a Forbes da torre da Nasdaq em Times Square. “Abrir o capital é uma decisão muito pessoal. Eu me apaixonei pelo processo.”

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Gardner, 51, percorreu um caminho sinuoso para atingir o status de bilionário. Natural de Nova Jersey, passou seus anos de ensino médio trabalhando em um brechó e vendendo camisetas para shows do Grateful Dead nos trens. Ele deu uma chance à política aos 20 e poucos anos, sendo assistente do senador John McCain. Finalmente, o executivo mergulhou no empreendedorismo, fundando uma startup de gerenciamento de TI e, em 2004, uma plataforma de pagamento de aluguel que ele vendeu para a MoneyGram International por US$ 28 milhões alguns anos depois.

Depois surgiu a ideia da Marqeta, que ele teve em uma conversa com um amigo durante uma refeição de sushi em 2009 enquanto traçava uma estratégia para seu próximo passo. Gardner começou construindo cartões de fidelidade pré-pagos vendidos em supermercados. Na verdade, a Marqeta passou por três versões antes de emergir em sua forma final em 2014: um sistema de API (interface de programação de aplicativos) que permitiu que empresas como o primeiro cliente DoorDash emitissem cartões de débito, autorizassem transações e definissem os critérios para aceitar as transações – crucial na economia de entrega.

Mesmo com essa fórmula, uma abertura de capital parecia improvável. Na primavera de 2015, a Marqeta não atingiu sua meta de receita e Gardner se ofereceu para cortar seu salário de CEO em 40% para ajudar a economizar dinheiro e evitar demissões. O ímpeto começou a aumentar no ano seguinte, com dois clientes-chave se inscrevendo: Instacart e Square, cujo cartão de débito Cash App é fornecido pela Marqeta. (A Square foi responsável por 70% da receita líquida da Marqeta no ano passado, de acordo com um arquivo recente junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).)

A startup de cerca de 500 funcionários cresceu rapidamente nos seis anos desde o corte temporário de pagamento de Gardner. À medida que a pandemia impulsionou os negócios para seus clientes, que também incluem as startups Affirm e Klarna do tipo “compre agora, pague depois”, a receita líquida da Marqeta dobrou para US$ 290,3 milhões no ano passado, ante US$ 143,3 milhões em 2019. A companhia está no caminho para um lucrativo 2021: a receita atingiu US$ 108 milhões nos primeiros três meses do ano. A Marqeta também disse que processou 1,6 bilhão de transações em 2020 e tinha 57 milhões de cartões ativos no final do ano, enquanto incorria em um prejuízo líquido de US$ 47,7 milhões, abaixo do prejuízo de US$ 58,2 milhões em 2019.

“Você nunca sabe para onde as coisas o levarão, você nunca sabe com que pessoas vai encontrar, você nunca sabe quando esses momentos acontecerão”, reflete Gardner. “Confie no seu instinto, confie nesses sinais.”

Apesar da Marqeta liderar o setor de processamento de cartões de débito e pagamentos, os rivais começaram a se destacar no ano passado. Stripe, a fintech privada mais valiosa do mundo, lançou uma API concorrente que permite às empresas criar e controlar cartões virtuais e físicos, inscrevendo clientes como Zipcar e Postmates – um aplicativo de entrega de refeições que compete com o DoorDash. E a SoFi, que abriu capital no início deste mês e agora vale cerca de US$ 20,5 bilhões, anunciou em abril de 2020 que iria adquirir o emissor de cartões de débito Galileo por US$ 1,2 bilhão em dinheiro e ações.

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A listagem de Marqeta está entre as mais valiosas para uma fintech até o momento em 2021, que desponta como um ano de IPOs (Oferta Pública de Ações, da sigla em inglês) lucrativos para o setor. (Um recorde de 11 fintechs abriram capital por meio de um IPO nos primeiros três meses de 2021, de acordo com dados da CB Insights.) Mas, enquanto a Robinhood se prepara para apresentar a papelada pré-IPO à SEC, o futuro pode ter um novo rei entre as fintechs.

Com a riqueza – e o escrutínio – que acompanham um IPO, o que vem por aí para a Marqeta? Além de aumentar o número de funcionários, ofertas de produtos e base de clientes, Gardner diz que sua empresa planeja se expandir globalmente, visando especificamente empresas com base na Ásia e na América Latina. Atualmente, cerca de 2% dos clientes da Marqeta estão baseados fora dos Estados Unidos.

Quanto ao próprio Gardner, ele planeja tirar um tempo com sua esposa e filhos antes de voltar à rotina normal. “Dá muito trabalho”, diz o novo bilionário. “Faz muito tempo que não tiramos férias com a família.”

 

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