A avaliação é do ex-presidente do Banco Central, ex-ministro da Fazenda e atual secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles. Em entrevista à Reuters, ele afirmou que, caso ainda fizesse parte do CMN (Conselho Monetário Nacional), votaria nesta semana pela fixação de uma meta de 3% para a inflação em 2024.
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Meirelles destaca que os preços têm sido afetados, entre outros fatores, por disrupções nas cadeias de produção geradas por problemas relacionados à pandemia.
“O Banco Central tem que tomar as medidas, e está tomando, agora a tendência é de melhora, na medida em que as empresas forem retomando”, afirmou. Ele destacou a importância de, nesse contexto, o governo manter o curso previsto e direcionar as expectativas, levando a meta para 3%, patamar que diz considerar “normal” para economias emergentes.
“Se eu estivesse lá eu votaria a favor, sim, de continuar nessa linha para 2024”, afirmou.
“Acho que nesse momento inclusive permite que o governo obedeça ao teto de gastos, na medida em que dá um pouco mais de margem”, afirmou Meirelles. “Permite ter um pouco mais de confiança de que é possível seguir o teto (sabendo) que, em um ano que a inflação cai, o teto vai para baixo.”
CRISE HÍDRICA
A equipe de Meirelles aumentou para cerca de 7,5% as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de São Paulo em 2021 após o governador João Doria (PSDB) anunciar uma antecipação do cronograma de vacinação do Estado, agora previsto para abarcar todos os adultos até setembro.
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Meirelles admite que a crise hídrica é um risco negativo para a projeção, mas pondera que o aprendizado que as empresas adquiriram na pandemia, aliado a uma avaliação de que comércio e indústria tendem a ser relativamente poupados de eventuais falhas que venham a ocorrer nos horários de pico de consumo da população, minimiza as preocupações.
“Vamos evidentemente monitorar de perto aí a evolução de toda essa situação, não só dessa questão hídrica, mas mais ainda da evolução da vacinação, da questão da saúde e essas novas variantes de Covid-19. Tem muita coisa influenciando esse processo (da atividade)”, afirmou o secretário.
A MP prevê a diluição da participação do governo na Eletrobras por meio da venda de ações. Mas emendas ao texto que não têm relação com a desestatização ou com a elétrica levantaram uma série de questionamentos de especialistas sobre o custo mais alto da energia térmica compulsória decorrente da contratação de 8 gigawatts estabelecida na proposta.
Para Meirelles –que comandava o então Ministério da Fazenda quando o governo Michel Temer apresentou um primeiro projeto de pulverização da participação do governo na estatal–, os “jabutis” incorporados pelo Congresso à nova MP denunciam dificuldades de coordenação do governo e são criticáveis, mas não tiram o mérito do plano de privatização.
“Acho extremamente positivo que isso finalmente esteja saindo”, disse Meirelles.
“O importante para mim agora é realmente fazer, concluir um bom trabalho aqui em São Paulo, este ano e o próximo tempo em que eu estou aqui. Depois, no devido tempo, vamos olhar”, afirmou, lembrando que o prazo para candidatos se descompatibilizarem de cargos públicos termina em abril do próximo ano. (Com Reuters)
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