Segmentação de fintechs: conheça 4 bancos digitais criados para públicos específicos
Kariny Leal
23 de junho de 2021
Busakorn Pongparnit/Getty Images
70% dos brasileiros dispõem de contas em instituições financeiras, contra 67,1% da média mundial
Os grandes bancos tradicionais brasileiros vêm perdendo espaço no mercado para novos players: bancos digitais e fintechs que apostam na personalização e segmentação de soluções para públicos diversos. De acordo com dados do Banco Central, a concentração bancária no país vem em tendência de queda desde 2017. O último levantamento, de 2020, mostrou a redução das participações dos principais bancos públicos federais: Banco do Brasil, Caixa e BNDES.
Segundo o Banco Central, entre 2018 e 2020, as parcelas de mercado do BB, Caixa e BNDES no segmento bancário e não bancário caíram de 41,3% para 37,5%, considerando os ativos totais. Os depósitos totais dos dois primeiros também sofreram redução, de 37,7% para 31,4%. O mesmo ocorreu com as operações de crédito, que saíram de 48,9% para 42,8% no período.
No Relatório de Economia Bancária, o BC chama atenção para o espaço conquistado por instituições que não se encontram entre as cinco maiores do setor (Caixa, BB, Itaú, Bradesco e Santander), “o que contribui para o incremento das condições concorrenciais quando se considera exclusivamente os índices de concentração”.
Para Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV, a característica naturalmente brasileira de ser um país diversificado somada ao impulso que a pandemia deu à adesão aos serviços digitais formou o contexto ideal para a criação de novas instituições financeiras, que surgiram com propostas específicas para diferentes públicos.
“A abertura de contas digitais, no ano passado, para que as pessoas recebessem auxílio emergencial abriu uma janela que aumentou a entrada de quem estava fora do sistema.” Ele afirma que as fintechs, que demoraram a se popularizar no Brasil, surfaram nessa onda.
Em novembro do ano passado, a Caixa alcançou a marca de 100 milhões de contas poupança digitais. O movimento ocorreu graças ao pagamento do auxílio emergencial, que começou a ser depositado para os beneficiados em abril.
Neri também defende que a concorrência no setor bancário é bastante bem-vinda para o consumidor, e que a criação de novas fintechs é uma tendência que veio para ficar, principalmente no modelo de open banking. “Isso é apenas o começo desse processo de dar mais mercado à população, e não dar a população ao mercado.”
De acordo com dados de um estudo da FGV, o Brasil acompanha a média mundial em termos de nível de renda e difusão do sistema financeiro para o grau de desenvolvimento econômico atual: 70% dos brasileiros dispõem de contas em instituições financeiras, contra 67,1% da média mundial.
A segmentação e especialização do setor é capaz de elevar ainda mais esse índice, colaborando com a inclusão financeira dos desbancarizados e levando aos usuários opções além das já tradicionais.
Antes da pandemia, havia 45 milhões de pessoas desbancarizadas no Brasil, segundo informações do Instituto Locomotiva. Com a necessidade de acesso ao auxílio emergencial e a demanda por serviços online em decorrência do isolamento social, o número de desbancarizados caiu 73%.
Veja a seguir alguns exemplos de bancos criados para atender a diferentes segmentos:
Consultado, o Banco Central informou que as três empresas não estão registradas junto ao órgão, mas que elas podem operar sem autorização prévia. “De acordo com a legislação em vigor, os termos ‘banco’ ou ‘bank’ não são de uso exclusivo de instituição financeira bancária, podendo ser usados inclusive por instituições de pagamentos”, afirmou o BC em nota. Nesses casos, há necessidade da chancela do órgão apenas quando a empresa realiza emissão de moeda eletrônica ou de instrumento pós-pago, credenciamento ou iniciação de transação de pagamento.