Otimizar cadeias de suprimentos é uma tarefa que a Neogrid abraçou há mais de 20 anos com um modelo de negócios conhecido como SaaS (Software as a Service), em que os softwares são baseados em nuvem e sua utilização oferecida mediante o pagamento regular, como uma assinatura ou conforme o uso da tecnologia.
Na pandemia, a demanda pelos serviços da companhia fundada em Joinville (SC) cresceu em ritmo acelerado. Como resultado, o lucro líquido da empresa aumentou 42,8% em 2020, para R$ 12,3 milhões. Foi na pandemia também que o mexicano Eduardo Ragasol viveu seu primeiro ano como CEO da empresa. Aos 54 anos, ele assumiu o posto no Brasil um mês antes do primeiro caso de coronavírus ser detectado no país. “O cenário em que assumi foi o maior desafio da minha vida”, relembra.
Na região, a companhia atua apenas no Brasil e no Chile, embora tenha presença em 140 países. Entre os sete mil clientes em portfólio estão marcas como P&G, Vigor, Kraft Heinz, Pernambucanas, Sony, Fini, Adidas e C&C.
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Blockchain as a Service
Para crescer, a empresa tem as suas próprias demandas e estratégias em tecnologia, e uma delas é o investimento em blockchain. “O blockchain pode transformar a cadeia de suprimentos, reduzindo o volume de transações feitas entre clientes, distribuidores e varejistas, deixando-as mais claras e garantindo maior segurança”, avalia o CEO.
Nos últimos cinco anos, a companhia destinou R$ 112,3 milhões na criação de novas tecnologias.
Três grandes avenidas
São três os pilares de trabalho da Neogrid e o primeiro é a conectividade. A inteligência da companhia conecta os fabricantes com varejistas e distribuidores, com o objetivo de otimizar os estoques e deixar as operações entre as partes mais eficientes.
Já a segunda solução busca aproveitar as informações de estoque e venda para evitar excesso de produtos, sincronizando o consumo a quantidade de volume disponível. “Uma das coisas mais importantes para um varejista é ter os produtos certos na hora certa”, explica o CEO.
A Salsa, companhia portuguesa de vestuário, é uma das clientes Neogrid da pandemia. A marca possui mais de 200 pontos de venda na Europa, mas seus estoques estavam desnivelados e as planilhas utilizadas tomavam muito tempo da equipe. Segundo a empresa, com o uso de ferramentas de inteligência artificial, a demanda real pelos produtos passou a ser calculada e ajustada mensalmente, considerando a previsão de estoque conforme as vendas nas lojas.
“Muitas vezes, não tínhamos a agilidade necessária na tomada de decisão. Agora, a inteligência artificial analisa os dados com agilidade e nos aponta quantos produtos temos de enviar às lojas e para quais pontos específicos”, explica Ana Esteves, diretora de Supply Chain da Salsa.
Thiago Grechi, CFO da Neogrid, avalia que via inteligência artificial, empresas podem otimizar não apenas seus estoques e ter uma alocação de capital mais assertiva, como também disponibilizar produtos que atendam melhor às demandas de seus clientes.
M&As e o futuro
O IPO da Neogrid em dezembro de 2020 movimentou R$ 486 milhões. Do montante, 20% tem como destino a área de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, enquanto 80% do capital será destinado para fusões e aquisições.
Até o momento, a companhia realizou apenas a compra por R$ 17 milhões da startup brasileira Smarket, que trabalha com gestão de promoções para supermercados, farmácias e varejistas. Em 2020, a startup cresceu 33%, fechando o ano com 68 clientes e um faturamento de R$ 374 mil.
Marcela Graziano, CEO da Smarket, explica que “além da gestão das ofertas, mapeamos as lojas, identificamos e garantimos se os produtos nas pontas da gôndola são os melhores para os negócios dos nossos clientes.”
Para o futuro, o CFO da Neogrid afirma que a companhia avalia mais de 100 empresas, sendo 80% brasileiras e 20% no exterior. “Boa parte do recurso que conquistamos na oferta será usado para M&As que faremos nos próximos meses”, diz Grechi.
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