Hoje, aos 65 anos, o empresário self-made tem certeza de que as incontáveis horas dedicadas ao esporte foram fundamentais para a criação da Pegasystems, empresa de softwares com quase 6 mil funcionários, que levou a fortuna do enxadrista para US$ 5,1 bilhões, de acordo com estimativa da Forbes.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram: https://t.me/forbesmoney
Globalmente, a Pega atende empresas como Santander, HSBC, Ford, Dell, Vodafone, Siemens, Heineken, Toyota e Unilever. Atuando em um setor altamente competitivo e com demanda crescente, o empresário defende que estratégia, paciência e pensamento crítico são fundamentais para o sucesso. Não por acaso, a empresa alcançou a marca de US$ 1 bilhão em receita anual neste ano.
Inspiração para a Pegasystems
O xadrez não foi a escolha de carreira de Trefler, mas com certeza abriu portas para outras experiências profissionais. Após ganhar o campeonato, ele foi recrutado para ensinar computadores a jogar xadrez em um programa no Dartmouth College, universidade em que cursava ciência da computação.
“A minha grande vitória no World Open foi um cheque de pouco mais de US$ 2 mil. Em 1975, isso não era ruim. Mas assim que subtraí minha taxa de inscrição e os custos da viagem para Nova York, percebi que provavelmente teria dificuldades para ter uma vida decente como jogador”, relembra.
A Pegasystems é especialista em planos de omnicanalidade para outros negócios, ou seja, a companhia trabalha para que a jornada final do cliente de uma empresa seja a mais consistente possível.
O omnichannel pode ser resumido como a jornada do cliente em diferentes canais de contato com uma empresa: por telefone, presencialmente ou pela internet. O papel da Pega é fazer com que, independente do canal escolhido, o cliente fique satisfeito com os serviços prestados por aquela empresa.
“Uma estratégia omnicanal é parte essencial de um negócio de sucesso. Os clientes estão ficando mais jovens, mais experientes tecnicamente, com expectativas e preferências maiores por canais digitais. Se você não consegue acompanhar, não consegue ser relevante”, afirma.
Além de aplicar uma estratégia omnicanal, o desafio é fazer com que ela seja clara para todos os funcionários da empresa contratante, ainda que eles não tenham conhecimentos em informática. “Isso inclui dar a eles ferramentas de software que não exigem que os funcionários conheçam linguagens de programação”.
Essa abordagem defendida por Trefler é chamada pela indústria de low code, ou “poucos códigos”, em tradução livre. “Nossos clientes usam nosso software para analisar de forma inteligente o contexto e os dados, e para antecipar as necessidades de seus clientes”, explica.
Para o Trefler, todo este plano de negócios está bastante relacionado com o xadrez e, principalmente, à experiência que teve ensinando o esporte às máquinas na faculdade. A semelhança entre o xadrez e o desenvolvimento do software é resumida por Trefler em três etapas: “faça muitas perguntas, aprenda com as falhas e antecipe o próximo movimento antes que outra pessoa o faça”.
Xadrez na vida e nos negócios
Outra vantagem que o xadrez pode trazer para o mundo dos negócios é o aperfeiçoamento da prática de resolução de problemas, habilidade fundamental para administrar uma empresa. “Operar a Pega é mais complicado do que manobrar as peças em um tabuleiro de xadrez, mas existem alguns fundamentos que se aplicam a ambos os casos”, diz.
O primeiro fundamento é o reconhecimento de padrões, a capacidade de reconhecer, compreender e interpretar coisas que podem ou não funcionar. O segundo é, com base nesses padrões, determinar os próximos movimentos para chegar a um resultado desejado. E, por fim, é necessário dar um passo atrás para ter uma visão holística.
“Para não cometer um grande erro e perder para o oponente, é preciso pensar ‘estou deixando de ver algo que pode me levar à derrota no futuro?’, seja no xadrez ou nos negócios”, aconselha Trefler.
Por fim, um componente crítico para ser um bom empresário e um bom jogador de xadrez é, segundo o CEO, a experiência de perder jogos. “Pode parecer contra-intuitivo no início, mas foi assim que melhorei. Perder obriga você a se perguntar como isso aconteceu”, diz.
Para aqueles que desejam criar uma empresa de sucesso, ele defende que cometer erros não é necessariamente ruim, contanto que seja possível aprender com as situações e fazer o melhor para não errar novamente. “Não tenha medo de falhar. Um bom líder encontra maneiras de fazer coisas ousadas, das quais também é possível se recuperar caso algo não saia de acordo com o planejado”.
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.