O interesse não é por acaso. Luciana Seabra, fundadora e CEO da Spiti, explica que esses ativos podem ser usados na carteira de qualquer investidor, já que permitem investir em diferentes produtos financeiros, com níveis diversos de exposição a riscos e gestão profissional do patrimônio.
A estrutura regulada dos fundos, segundo Luciana, é outra característica que torna esse modelo mais seguro, e consequentemente mais atraente. Ela os compara com condomínios de apartamentos:
O gestor do fundo tem um papel que, neste exemplo, pode ser comparável ao de um síndico, “que é quem decide para onde vai o dinheiro do condomínio, se vai reformar primeiro a escada ou o elevador”.
As assembleias do fundo, por sua vez, equivalem a reuniões de condomínio, e a taxa de administração cobrada pelo fundo equivale à mensalidade que os moradores pagam pela estrutura comum do prédio, explica Luciana.
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Dentre as classificações comuns estão: os fundos de renda fixa, aquele que possuem pelo menos 80% de ativos dessa classe; os fundos de ações, que são compostos por, no mínimo, 67% em ações; os fundos cambiais, que investem ao menos 80% em ativos atrelados à variação de moedas estrangeiras; e os fundos imobiliários, que investem em imóveis físicos ou em títulos do mercado imobiliário.
Aqueles que combinam diferentes tipos de produtos financeiros em sua carteira, são classificados como fundos multimercado.
Custos e vantagens
Existe ainda a taxa de performance: ela é cobrada quando o fundo supera a meta de rentabilidade (conhecido como benchmark). Essa taxa é como se fosse um bônus de 20% ao gestor, cobrado sobre a rentabilidade extra do fundo. Isto é, se a expectativa é de que o fundo renda 5% ao ano, mas em 2021 ele render 6%, o investidor pagará 20% sobre essa diferença entre o valor prometido e o obtido no final.
Apesar das taxas, a CEO da Spiti vê algumas vantagens nesse formato de investimento. Ela cita, por exemplo, que os fundos permitem uma maior diversificação para o investidor, já que há mais recursos para investir, o que reduz os riscos. Outra vantagem é que, por comprar grandes volumes, o gestor consegue obter preços melhores para os ativos e tem acesso a prazos diferentes de vencimentos de títulos.
“Alguns fundos têm emissão restrita a certos tipos de investidores, então a pessoa física, que tem um volume menor de dinheiro, não acha esses ativos no mercado”, explica Luciana. “Além disso, os fundos contam com equipes especializadas que operam exclusivamente com o dinheiro em custódia.”
Não é o investidor que decide onde o dinheiro do fundo será investido, mas o gestor. Logo, cabe ao investidor escolher bem o fundo e o gestor que irá tomar essas decisões. Para escolher um fundo mais adequado ao seu perfil, é necessário analisar não apenas os números do fundo, mas quem são os gestores também.
Gabriela Mosmann, analista de investimentos da Suno Research, argumenta que um dos critérios mais importantes é a escolha da gestão, mas que avaliar as pessoas responsáveis pela alocação de recursos não precisa ser uma tarefa muito complexa.
“É preciso ver o histórico dos últimos 3 a 5 anos, nunca do curto prazo [últimos 12 meses]. Retornos passados são um guia para embasar as nossas expectativas [e permitem analisar o desempenho em] os momentos de crises do mercado e períodos de alto crescimento macroeconômico”, diz ela.
Além disso, a analista reforça a importância de comparar a rentabilidade líquida do fundo com o benchmark que ele se propõe a acompanhar. Isso significa que, para entender se a rentabilidade de um fundo foi realmente boa, é preciso compará-la com o indicador que ele se comprometeu a superar.
Há fundos que têm como referência, por exemplo, o CDI, outros terão como referência de rentabilidade o Ibovespa, ou seja, o seu fundo deve ter um histórico de rentabilidade melhor que esse benchmark, caso contrário talvez não seja uma boa opção para o seu dinheiro.
Após feita a escolha, Gabriela afirma que o investidor deve acompanhar o desempenho do fundo entre uma janela de meses, para que ele tenha uma percepção mais panorâmica do seu desempenho e não tenha sua visão distorcida pelas variações diárias do mercado, que são esperadas, ou seja, verificar a rentabilidade do fundo diariamente ou semanalmente não é recomendável. Estabeleça um período de alguns meses para fazer essa avaliação, e fique atento aos comunicados e cartas dos gestores do fundo
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