De estagiário a CEO: a trajetória de cinco profissionais que chegaram ao topo
Diana Lott e Isabella Velleda
2 de agosto de 2021
Divulgação
Para Juliana Azevedo, CEO da P&G no Brasil, identificação com a cultura da empresa foi fundamental para sua trajetória
O caminho é longo para quem quer se tornar CEO de uma grande empresa no Brasil, mas não impossível. Algumas das pessoas que foram bem sucedidas nessa empreitada conseguiram fazer isso dentro de uma mesma empresa: começaram como estagiários ou trainees e, de promoção em promoção, subiram a escada corporativa até atingirem o topo.
Esse é o caso de Juliana Azevedo, CEO da P&G no Brasil. Ela conta que se candidatou a uma vaga de estágio na companhia por indicação de uma veterana do curso de engenharia industrial da USP. Na época, Juliana queria aprender sobre marketing, e pensava que as duas faculdades que fazia (ela também cursava direito) não lhe ensinariam tudo o que buscava.
“A colega me contou que a empresa tinha uma bagagem enorme na área de marketing, que seria uma grande escola, mas também falou muito sobre os valores e a cultura da P&G. Confesso que, aos 20 anos, foi uma conversa muito vaga para mim. Depois que comecei, logo percebi que ela estava falando do ambiente de trabalho, do perfil das pessoas, da forma como as decisões eram tomadas. Esses são os principais fatores que me prendem até hoje à P&G”, conta Juliana, ao avaliar a identificação com a cultura da empresa foi crucial na sua jornada.
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A executiva já entrou na faculdade com o sonho de um dia ser líder de uma grande empresa, mas não imaginou que seria na companhia que começou seu estágio. “No início, achava que a P&G era grande demais para mim. Pensava em possibilidades menores. Mas depois de um alguns anos, vi que era o que eu queria”, diz Juliana.
Antes de chegar ao cargo mais alto da empresa no Brasil, Juliana atuou nas subsidiárias da companhia na Venezuela e no Panamá, e também na sede, em Ohio, nos Estados Unidos.
Mas a história de Juliana se repete em outras empresas. Aksel Krieger, CEO da BMW no Brasil, também começou a trabalhar na empresa enquanto fazia faculdade de administração, passando por escritórios na Alemanha, África do Sul e China.
Ele foi estagiário do braço de serviços financeiros da fabricante de carros de luxo, o que acredita ser um diferencial na sua carreira. Antes de assumir a presidência, foi CFO da companhia na África do Sul e no Brasil. “Essas operações são muito próximas. Quando a gente vende um carro hoje, vendemos também uma série de serviços, e os serviços financeiros obviamente são um componente importante para deixar o carro mais acessível”, diz.
Krieger conta que teve vários chefes na companhia, cada um com as suas características. “Cada um tem um estilo diferente. Tem chefes que são mais diretos, outros menos. Mas sempre tento entender de onde a pessoa está vindo, por que ela está brava, preocupada, ou ansiosa, e trabalhar com isso”, diz ele, acrescentando que inteligência emocional é essencial para liderar.
A relevância da gestão emocional para liderar organizações é também relevante para Juliana. “Temos que seguir sempre em busca do autoconhecimento, porque as escolhas pessoais e profissionais têm que estar em harmonia. Não existe profissional feliz e pessoal infeliz”, diz.
Antes de comandar a P&G, ela recusou um convite para chefiar uma subsidiária da companhia em um país da América Latina, permanecendo no Brasil por motivos pessoais. A decisão, em vez de prejudicar sua carreira, acabou criando a oportunidade de assumir a divisão de vendas. “Foi criada uma posição, que não existia, de vice-presidente comercial, na qual eu trabalhava tanto com marketing, quanto com vendas”, conta ela. “A única razão pela qual eu consegui um cargo melhor é porque eu tinha convicção de que [aquela proposta] não era para mim e que eu queria crescer na P&G.”
A Forbes compilou a história de cinco executivos de sucesso que começaram do zero e chegaram ao posto mais alto nas mesmas empresas.