Evan Seinfeld segue preparando a plataforma de conteúdo adulto online, IsMyGirl, para uma grande migração de usuários. Ele espera receber um fluxo de milhares de estrelas pornôs e profissionais do sexo que estão deixando o OnlyFans, plataforma líder na categoria sediada em Londres, que baniu conteúdo sexualmente explícito – e reverteu a decisão apenas uma semana depois.
LEIA MAIS: Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
O OnlyFans, que está sob investigação após denúncias de menores de idade na plataforma, culpou os bancos pela proibição do conteúdo pornográfico, que se recusam a processar suas transações. Seis dias após o anúncio, o OnlyFans voltou atrás e disse que assegurava “as garantias necessárias para apoiar a comunidade diversificada de criadores”. Por fim, em outro comunicado, a companhia suspendeu até outubro a mudança em sua política de conteúdo.
A reviravolta e a incerteza em torno do futuro (afinal, “suspenso” significa “adiado” ou “permanentemente cancelado”?) – prejudicou a reputação do OnlyFans aos olhos dos criadores e usuários, independentemente da decisão de banir ou não a pornografia de forma definitiva no futuro, o dano está feito. A concorrência do OnlyFans chega agora busca mercado.
A oportunidade financeira – e a batalha por uma parcela dos 1,6 milhão de criadores do OnlyFans e 150 milhões de usuários – é enorme. A empresa informou que seus usuários gastaram US$ 2,3 bilhões na plataforma em 2020, destes o OnlyFans fica com 20%. Estima-se que 85% dos pagamentos foram direcionados para conteúdo sexualmente explícito, de acordo com fontes do setor, o equivalente a cerca de US$ 390 milhões por ano. Agora, plataformas como ManyVids, IsMyGirl, LoyalFans, Fansly, FanCentro, AVN Stars, entre outras lutam para atrair o máximo desse capital e o maior número possível de criadores.
“As pessoas já perderam milhares de dólares, então mesmo que o OnlyFans reverta completamente sua proibição, a situação já causou danos”, explica. “Mais do que qualquer outra coisa, isso prejudicou irreparavelmente a confiança dos usuários nos criadores individuais como empresa. Perdi 300 assinantes poucas horas após o anúncio original – eles não vão voltar”, comenta.
A produtora de conteúdo adulto diz que vai concentrar seus esforços na nova plataforma Peach, porque agora sente que o OnlyFans não respeita as profissionais do sexo. “Essa eliminação é discriminação ocupacional”, avalia, acrescentando que “os bancos são para negócios, não para campanhas religiosas. O JPMorgan Chase, o BNY Mellon e a MasterCard precisam sair do quarto das pessoas e trabalhar em políticas com profissionais do sexo.”
“Se eu captar 10% do escoamento [do OnlyFans], posso me aposentar em dois anos”, disse Seinfeld de sua casa em Tulum, no México. Para isso, a IsMyGirl está oferecendo aos criadores um acordo: a plataforma cobrará 10% dos ganhos totais, metade do valor cobrado pelo OnlyFans.
Stan Fiskin, que fundou em 2017 a plataforma de conteúdo adulto FanCentro com Alan Hall, acredita que sua companhia pode abocanhar até 30% das “receitas adultas” do OnlyFans. A FanCentro anunciou o registro de 20 mil criadores nos primeiros quatro dias depois que o OnlyFans anunciou a proibição de material sexualmente explícito.
“É tudo muito prático”, diz Fiskin, que explicou que sua equipe tem trabalhado 20 horas por dia para aumentar a capacidade do servidor e da banda larga para garantir que a plataforma possa lidar com o aumento de conteúdo e tráfego. “Isto é apenas o começo. Estamos tentando garantir que este negócio se torne o novo OnlyFans. ”
A FanCentro acredita ter uma vantagem competitiva sobre outras plataformas devido a uma integração vertical: ela possui seu próprio processador de pagamentos, chamado CentroBill, e a empresa também oferece aulas gratuitas para influenciadores verificados por meio da Universidade Centro, ensinando-os como ganhar mais dinheiro. Além dessas oportunidades, a FanCentro tenta capitalizar em cima das mudanças no OnlyFans, oferecendo aos criadores 100% das receitas que ganharem até outubro e 80% depois disso.
Para a ManyVids, que tem mais de 100 mil profissionais cadastrados e 3,6 milhões de usuários, o objetivo agora é capturar o máximo de participação de mercado possível. Mas essa receita não significa uma explosão imediata nos lucros. “Para ser honesta, uma vez que você tira 85%, paga seus funcionários, seu aluguel, não sobra muito”, explica. “Mas a forma como estamos configurados faz sentido para nós. Trabalhamos com uma equipe muito eficiente.”
O artista de hip-hop Tyga, que administra uma das contas mais populares do OnlyFans, também está procurando preencher o vácuo deixado pela companhia. O artista de 31 anos disse à Forbes que excluiu sua conta na plataforma e está construindo a sua própria, a Myystar, que deve ser lançada em outubro cobrando 10% da receita dos criadores.
Mas nem todo mundo está indo embora. Sophie Dee, uma atriz pornô de sucesso que se tornou influenciadora digital e investidora, diz que ganha mais de US$ 1 milhão por ano com o OnlyFans. Cerca de metade de sua receita é derivada de conteúdo sexualmente explícito, principalmente da venda de vídeos pornôs “vintage”, a outra metade ela ganha com a venda de mensagens ou pequenos vídeos personalizados (à la Cameo, uma plataforma de produção de vídeos curtos). Sophia diz que é improvável que procure uma nova plataforma.
Outros também ficaram no OnlyFans, mas se sentem mais inseguros. Para Maya Morena, o site ajudou a transformar sua vida. Em 2017, ela era uma acompanhante que vivia no sofá de uma amiga em Nova York. Depois de três anos fazendo e vendendo milhares de conteúdos explícitos no OnlyFans, ela ganha dinheiro suficiente para alugar um apartamento de dois quartos e planeja cursar uma faculdade ainda neste ano. Ela procura outra plataforma, mas está preocupada em desistir de sua única fonte de renda.
Mesmo que a maioria dos criadores permaneça no OnlyFans, Evan Seinfeld diz que há espaço suficiente na indústria para crescer, já que a plataforma ajudou a quebrar o estigma cultural e eliminou grande parte do preconceito associado a produzir e assistir pornografia. “As pessoas estão consumindo mais pornografia do que nunca e criando mais pornografia do que nunca”, conclui Seinfeld, na indústria de conteúdo adulto há 20 anos.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.