Criptoativos e Repetro fazem BC piorar previsão de déficit em transações correntes de 2021

30 de setembro de 2021
Carla Carniel/Reuters

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC afirmou que a revisão para 2021 reflete a expectativa de menor saldo da balança comercial

O BC (Banco Central) piorou hoje (30) sua estimativa para o desempenho das transações correntes neste ano a um déficit de US$ 21 bilhões, ante superávit de US$ 3 bilhões projetado em junho, sob a influência de importações ligadas ao regime Repetro e à compra de criptoativos pelos brasileiros.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC afirmou que a revisão para 2021 reflete principalmente a expectativa de menor saldo da balança comercial por conta do aumento das importações. Agora, o BC vê um superávit para as trocas comerciais de US$ 43 bilhões neste ano, bem abaixo dos US$ 70 bilhões calculados anteriormente.

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Enquanto elevou as importações previstas para o ano em US$ 29 bilhões, a US$ 239 bilhões, para as exportações o ajuste foi muito menor: a nova projeção passou a US$ 282 bilhões, de US$ 280 bilhões antes.

Segundo o BC, vêm ganhando relevância algumas operações que não são computadas pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, mas sensibilizam o balanço de pagamentos.

De um lado, há as importações fictas (operações contábeis que não envolvem a entrada de mercadorias no país) no âmbito do Repetro, que continuaram sendo observadas mesmo após o fim do prazo de migração para a modalidade Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) no fim de 2020.

O Repetro é o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural

“O desembaraço tardio dessas operações ensejou revisão nas projeções das importações”, disse o BC.

De outro lado, compras crescentes de criptomoedas, que também ficam de fora dos cálculos do Ministério da Economia, têm afetado as projeções de importações.

Em coletiva de imprensa, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, afirmou que a compra de criptoativos chegou a US$ 4 bilhões nas importações até agosto.

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o mundo de criptomoedas no Brasil cresceu muito como veículo de investimento.

“Mas lembrando que uma moeda tem uma função de meio de pagamento. Quando a gente olha o que tem acontecido com a criptomoeda em termos de meio de pagamento tem crescido bem menos, bem pouco. Então o crescimento é basicamente atrelado a esse desejo de ter moeda como um investimento”, disse.

Quanto aos IDP (Investimentos Diretos no País), o BC ajustou sua estimativa para US$ 55 bilhões em 2021, sobre US$ 60 bilhões antes, patamar que deve subir para US$ 60 bilhões em 2022.

Kanczuk avaliou que as contas externas brasileiras estão “supersaudáveis”, apesar de revisão promovida pelo BC para 2021, e que “não dá para se preocupar em absoluto com isso”.

Ele reforçou que o déficit em transações correntes previsto para 2021 é “minúsculo” e facilmente coberto pelo volume projetado de IDP.

Nas contas do BC, as transações correntes no ano que vem devem ter déficit menor, de US$ 14 bilhões, com um superávit comercial maior, de US$ 60 bilhões. (Com Reuters)

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