“Naquele momento, as pessoas acharam que o mundo iria acabar. Foi pavoroso”, relembra William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
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“Quando você tem um ataque terrorista dessa magnitude, demora até as pessoas entenderem o que está acontecendo e a aversão a risco aumenta de maneira exponencial. Não teve jeito, todas as bolsas caíram”, diz Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.
A Bolsa de Tóquio abriu na quarta-feira, 12 de setembro, com queda de 6%, abaixo dos 10.000 pontos pela primeira vez em 17 anos. Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 7%.
Nos Estados Unidos, Wall Street não chegou a abrir no dia dos atentados, já que o primeiro avião atingiu a Torre Norte do World Trade Center às 8:46h da manhã, antes do início do pregão. Os mercados só voltaram a operar na segunda-feira, 17, quase uma semana depois dos ataques. Foi a terceira vez na história que as bolsas de Nova York ficaram fechadas por um período prolongado – a primeira foi no início da Primeira Guerra Mundial, e a segunda em março de 1933, durante o período da Grande Depressão que seguiu o crash de 1929.
Rocha explica que cenários em que há muita imprevisibilidade e alto risco levam os gestores de portfólios a trocar ações por investimentos em ativos “menos financeiros”, como prata, petróleo e ouro, que chegou a subir 6% naquela terça-feira no mercado de Londres. “Os títulos do tesouro americano também tiveram um forte momento [de valorização]”, diz ele.
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Demora na recuperação econômica
“Com o ânimo que a guerra do Afeganistão [iniciada em outubro daquele ano] deu à economia, os índices se recuperaram das perdas já em dezembro de 2001. Já no Brasil a recuperação só aconteceu entre março e abril de 2002”, afirma o professor da FGV.
Para ele, parte da demora para que a Bolsa brasileira voltasse ao patamar anterior ao atentado está relacionada ao fato de a economia do Brasil ser dependente de muitos produtos do exterior, principalmente naquela época.
Rocha, por sua vez, acredita que hoje a retomada econômica do Brasil seria mais rápida, justamente por causa da importância do país no mercado internacional como grande exportador de alimentos. O professor do Insper compara “Se olharmos para a tragédia sanitária da Covid, a gente não sabia nada em março do ano passado, não sabíamos nem se essa doença não iria exterminar a metade da população. Esperávamos um cenário muito pior”, diz o professor do Insper.
“Até hoje não é possível fazer seguro contra ataques terroristas”, diz Rocha, acrescentando que as seguradoras tiveram prejuízos de cerca de US$ 30 bilhões. Relatórios do Congresso americano apontam que as mortes e danos a propriedades decorrentes do atentado geraram o maior volume de processos de sinistros da história dos EUA – os pagamentos solicitados somavam US$ 40 bilhões em 2002.
Nos aeroportos, o impacto dos ataques terroristas é percebido até hoje. Protocolos de segurança, como a abertura de malas, restrições sobre quantidades de líquidos na bagagem de mão e remoção de cintos e de aparelhos eletrônicos se tornaram mais frequentes e depois dos atentados.
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