Vestida com um terno roxo que combina com a cor dominante do uniforme do Rockies, Alvarado é mais do que uma superfã. A pedido do então governador do Colorado, Roy Romer, ela se tornou parte do grupo inicial de investidores da equipe em 1991. Sua participação era de 1%, mas significativa: ela foi a primeira proprietária latina na MLB, e a primeira proprietária feminina self-made – que fez sua fortuna do zero e de forma independente. “Não era meu marido”, diz ela. “Fui eu. Meu dinheiro.”
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A companhia também construiu a maior parte dos restaurantes da marca Yum! (Taco Bells, Pizza Huts e KFC) operados pela Palo Alto Inc., uma empresa de gestão de franquias na qual Alvarado detém participação de 51%, e seu marido, Robert, de 49%. É esse negócio que responde pela maior parte de sua fortuna de US$ 230 milhões, que a torna uma das cem mulheres mais ricas dos EUA.
Alvarado diz que conseguiu não se deixar distrair com o “pensamento convencional”. Foi isso que a levou a testar uma série de inovações, incluindo um novo design para as lojas Taco Bell localizadas em espaços urbanos apertados. O projeto coloca a cozinha no segundo andar, e inclui um sistema de correias que transporta as bandejas de forma automática e as entrega no andar de baixo. A história de Alvarado é tudo menos convencional. Ela começou a vida em 1951 como Linda Martinez em uma casa de adobe de dois cômodos perto de Albuquerque, no estado de Novo México. O local não tinha água corrente, exceto quando inundava todo verão, conta. “Achei que todo mundo passava as férias de verão na Cruz Vermelha”, ela brinca.
Os pais de Alvarado eram construtores por natureza. Seu pai, um ministro protestante do México que trabalhava na segurança do Laboratório Nacional Sandia, havia construído ele mesmo aquela casa de adobe. Sua mãe costumava recitar, quase como um mantra: “Empieza pequeño, pero piensa muy grande” (comece pequeno, mas pense muito grande).
Sua aptidão atlética a levou a tomar o que se revelou um passo crucial em direção a uma carreira na construção: enquanto estudava economia com uma bolsa de estudos no Pomona College, na Califórnia, Alvarado rejeitou a sugestão de um funcionário de que ela trabalhasse na biblioteca ou no refeitório, e pediu para se juntar à equipe de manutenção. Ela diz que justificou sua escolha desta forma: “Eu não vou ter que usar esses sapatos femininos desconfortáveis, vou poder pegar um bronzeado e você ainda vai me pagar para trabalhar com todos esses homens solteiros.”
A experiência em manutenção abriu a porta para a empresária conseguir um emprego em uma empresa de gerenciamento de construção de Los Angeles depois que se formou, em 1973. Alvarado recorreu a um pequeno subterfúgio – ela imagina que conseguiu a entrevista porque colocou apenas suas iniciais em seu currículo, disfarçando o seu gênero. É uma prática que ela usaria novamente ao assinar propostas para licitações de grandes obras.
Ela fez cursos de estimativa, levantamento e planejamento computadorizados e se mudou para o Colorado com o marido (o primeiro encontro deles foi em um jogo dos Dodgers). Em 1976, aos 24 anos, ela abriu sua própria empresa, acreditando que seus conhecimentos de informática poderiam lhe dar uma vantagem. “Disseram-me que eu estava fadada ao fracasso por causa da dupla desvantagem de ser hispânica e mulher”, lembra ela. “Mas eu pensei comigo mesma: em matemática, quando você multiplica dois negativos, você obtém um positivo.”
Depois que seis bancos se recusaram a financiar o negócio, os pais de Alvarado lhe emprestaram US$ 2.500, sem avisá-la de que o dinheiro era fruto de um empréstimo com juros de 24% no qual a casa da família foi dada como garantia.
Como sua mãe pregou, ela começou pequeno, construindo abrigos de ônibus, sarjetas e calçadas. Por fim, ela conseguiu um empréstimo garantido pela Small Business Administration, agência governamental dos EUA de apoio a pequenas empresas. Sua grande oportunidade aconteceu em 1983, quando Joy Burns –outra empresária pioneira que fundou o Women’s Bank of Colorado– a contratou para renovar o Burnsley Hotel, um prédio de 17 andares e 80 quartos no centro de Denver.
Hoje, sua empresa de construção tem escritórios nos estados de Arizona, Califórnia, Colorado e Novo México, e está construindo projetos para Kaiser Permanente, Xcel Energy e PG&E.
Alvarado entrou no mercado de fast food quase por acidente. Em 1984, ela trabalhou na incorporação de um shopping center em uma área degradada de Denver e tentou atrair uma rede de fast-food de marca para o empreendimento. A Taco Bell, então propriedade da PepsiCo, não se interessou. Mas a rede permitiu que os Alvarados abrissem uma franquia – e Robert estava ansioso para administrá-la. Alguns anos depois, quando a Taco Bell se ofereceu para comprar o negócio, o casal recusou e pediu mais unidades.
Hoje, a Palo Alto é a 28ª maior operadora de franquia de restaurantes do país, com receita anual de US$ 325 milhões vindos de unidades principalmente no Colorado, Novo México e Califórnia. O ex-CEO da Yum! Greg Creed diz que Alvarado conquistou o respeito de outros franqueados por compartilhar “seus truques de negócios”, que vão desde os melhores materiais para a construção de lojas até inspeções realizadas por drones.
Além de reduzir o tempo para a construção de novos restaurantes, os Alvarados testaram de tudo, desde quiosques digitais para registrar pedidos até formatos de restaurante totalmente novos. Eles construíram um protótipo do conceito Taco Bell Cantina, que vende cerveja e itens de menu premium e tem TVs ligadas em canais de esporte para criar um ambiente familiar.
Alvarado também construiu um protótipo de um spin-off da Taco Bell chamado Live Más (em homenagem ao slogan de marketing da rede, “Viva mais”), e trabalha em um projeto para transformar contêineres em pop-ups do Taco Bell.
No que diz respeito às franquias, a divisão de funções entre os Alvarados é clara. Robert dirige as operações de restaurantes, embora recentemente seu filho mais velho, Rob, que se formou em hotelaria na Universidade Cornell e tem também um MBA e um diploma de direito, tenha assumido essa função. Linda continua encarregada do que conhece e ama: comprar terrenos e construir.
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